TAXA DE JUROS É ENDOGENA
06-05-2021
No modelo econômico, do qual a esfera produtiva depende da esfera monetária, elaborado inicialmente por Irving Fisher, nos anos de 1920, a taxa de juros, inclusa na esfera monetária, é independente, devido o modelo ser liberal, visto que o Estado não interfere na atividade produtiva diretamente. Porém, ao interferir, a taxa de juros torna-se exógena. Isto porque, na prática, a perturbação do sistema se dá com a taxa inflacionária. Dessa maneira, o Banco Central, para controlar a inflação, eleva, mantém ou reduz a taxa básica de juros, o que a torna endógena ao sistema econômico. Fere ao princípio liberal, o que o transformou em sistema neoliberal.
Foi o que aconteceu ontem. O Comitê de Política Econômica do Banco Central se reuniu, tal como tem feito de 45 a 45 dias, em média, para decidir sobre a taxa básica de juros (a SELIC). Devido à taxa inflacionária ter recrudescido muito nos últimos meses, esta ultrapassou o centro da meta de inflação (3,75%) e tem ameaçado ultrapassá-la até com o viés de 1,50% de alta. Na reunião anterior (de março), o Banco Central já teria abandonado a menor taxa SELIC da história, de 2,00% ao ano, elevando a SELIC para 2,75%. Ontem, o mercado exigiu e o Banco Central elevou mais uma vez a taxa básica de juros para 3,50%. Ainda assim, a taxa inflacionária está acima de 5,00% ao ano. Logo, tal elevação ainda está muito aquém da inflação de mercado.
A taxa SELIC, em março, reiniciou um ciclo de alta, o que não ocorria há seis anos. De julho de 2015 a outubro de 2016, a SELIC permaneceu em 14,25% anuais. Porém, a inflação continuava em ascensão. A presidente Dilma sofrerá processo de impeachment. O seu substituto, Michel Temer, reiniciou a sua queda até que chegasse a 6,50%, em março de 2018. No governo de Jair Bolsonaro, em julho de 2019, a SELIC voltou a cair, de 6,50%, até atingir 2,00% anuais, em agosto de 2020. Assim permaneceu até março de 2021, quando, aqui se repete, reiniciou a SELIC o seu ciclo de alta.
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