MERCADO DE TRABALHO SE ESTABILIZOU

01-07-2021 Segundo o economista e professor da USP, Hélio Zylberstajn (HZ), especialista em mercado do trabalho, o desemprego se estabilizou. Mas vai demorar ainda para voltar aos níveis pré-pandemia do covid-19, conforme entrevista ao jornal Estado de São Paulo (ESP), a seguir. ESP – Como o Senhor observou o resultado do emprego divulgado pelo IBGE? HZ – O emprego no Brasil está estagnado, o que não é bom, mas é melhor do que se estivesse caído. Não houve neste último trimestre nem grandes reduções e nem grandes perdas no mercado de trabalho. Em todas as categorias houve variações dentro de uma margem de erro e também houve uma estabilização no número de empregos. As empresas não querem demitir, pois se vier a retomada, elas vão ter de recontratar e treinar funcionários. Isso custa caro. Mas, a força de trabalho teve um aumento de 400 mil, então impactou no resultado. ESP – Há economistas que apontam uma alta do PIB de mais de 5% em 2021. Podemos esperar resultados melhores ainda em 2021? HZ – Um crescimento de 5% a 6% neste ano será positivo e vai gerar empregos, mas longe ainda dos patamares de ante da pandemia. Só conseguiremos retomar esses números com investimentos. E isso depende de o Congresso e o do governo trabalharem par assegurar reformas e regulações eficientes e que sejam respeitadas. Mas, ara crescer, precisamos de uma resposta política do que econômica. ESP – É possível acelerar esse processo? HZ – Só vamos fazer isso com políticas que favoreçam, principalmente, o investimento em infraestrutura. É um investimento que tem um efeito multiplicador grande e é o setor que consegue absorver as pessoas de menor qualificação. O Estado sempre foi o grande investidor em infraestrutura, mas agora o País está quebrado. A nossa esperança é que os capitais privados venham em grande volume á a infraestrutura e estamos vendo isto acontecer, mas ainda precisa de mais. Não vamos conseguir ocupar todo mundo em um curto espaço de tempo. A análise acima está correta, mas omite o fato de que existia o maior mpegador no Brasil, a indústria da construção civil, através das grandes empreiteiras, que quebraram, depois de serem alvos de investigações de seus processos tradicionais de corrupção. Elas praticamente desapareceram, não se levantaram e não surgiram novos grandes empregadores da espécie. Por outro lado, quem mais está gerando emprego é o setor primário, enquanto o setor secundário e o setor terciário, responsáveis por 70% do emprego no País ainda não seguiram os caminhos da recuperação.

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