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Mostrando postagens de outubro, 2015

01/11/2015 - NEM SEMPRE VALE O QUE ESTÁ ESCRITO

Conforme o ditado latino verba volant, scripta manet; as palavras voam, os escritos permanecem. Em outros termos, só vale o que está escrito. Mas, nem isto vale no Brasil da mais alta autoridade da República, a presidente Dilma. Na campanha eleitoral de 2014, ela prometeu por escrito que não mudaria direitos trabalhistas e de que não provocaria a recessão; não cortaria verbas da educação, da saúde, de calamidades, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas cortou por volta de 30%; dentre outras mentiras. A partir do dia 01-01-2015, cortou logo as citadas referências. É visível por todos. O próprio ex-presidente, há dois dias, em congresso do PT, disse para todos e foi gravado, que o PT prometeu na campanha e muito tem feito o contrário do que cumpriu. Isto não o redime, nem aos seus. Afinal, ele tem 55% de rejeição, a maior entre os pretensos candidatos, bem como a maior intenção dos eleitores, com 23% dos consultados, que votariam “com certeza” nele. As contradições, o

31/10/2015 - EQUÍVOCOS DA POLÍTICA ECONÔMICA, SEGUNDO PMDB

A Nova República se iniciou em 1985, quando o PMDB tomou a dianteira de todos os partidos, hoje são 35 deles, assumindo com José Sarney a presidência da República, em eleição indireta, ele, que era vice, assumiu a direção com a morte de Tancredo Neves. Daquela época para cá, o PMDB se constituiu em um partido formador de alianças. Depois de Sarney não teve mais protagonismo, tornando-se partido de sustentação de todos os cinco governos subsequentes. Neste ano, declarou que terá candidato próprio às próximas eleições de 2018, tendo uma grande parcela querendo romper com a base aliada atual, dirigida pelo PT. Dessa forma, divulgou nesta semana, um diagnóstico, em versão preliminar, para orientar a reunião nacional do próximo dia 17 de novembro, cujo texto contou também com a participação do economista e ex-ministro Delfim Netto. O texto procura eximir o PMDB dos erros da política econômica do governo Dilma. Inicia-se, afirmando que o PT partiu de um “diagnóstico errado” da economi

30/10/2015 - INÍCIO DA QUEDA DO ATUAL CICLO

Depois da estabilização da economia brasileira, a partir do Plano Real, em 1994, o Brasil iniciou uma fase de ciclo longo de crescimento baixo (1995-2002), por volta de 2% anuais, mas, depois com a era Lula (2003-2010), o País dobrou a taxa média de incremento do PIB, por volta de 4% anuais. Convém observar que, de 2003 a 2008, a taxa de crescimento foi de 4,2% ao ano. Porém, tendo começado na economia mundial, no final de 2008, a maior crise da economia capitalista depois de 1929, o Brasil ingressou em recessão somente em 2009, quando o PIB recuou 0,2%, recuperando-se rapidamente em 2010, crescendo 7,6%. Portanto, a era Lula cravou incremento médio anual do PIB de 4%. Para muitos conhecidos analistas econômicos, tais como Samuel Pessoa e Alexandre Schwartman, o início do atual ciclo em queda iniciou em 2009, quando as medidas anticíclicas foram, em resumo, no sentido de subsidiar empresários e estimular o crédito para os consumidores. As doses de subsídios e os gastos do govern

29/10/2015 - PREJUDICADO AJUSTE FISCAL

O Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de ideologia diferente da equipe da presidente Dilma, em razão de ser um economista ortodoxo e eles economistas declaradamente heterodoxos (inclusive a presidente e grande grupo dentro do PT), foi contratado para realizar o ajuste fiscal, visando obter superávit primário em 2015. Depois de cerca de dez meses, após ter anunciado por duas vezes que faria superávit anual, informou ontem ao Congresso Nacional, que sua nova previsão é de encerrar as contas nacionais deste ano com o segundo e consecutivo déficit primário anual, após 18 anos de superávit primário histórico, no valor parcial agora apurado, de R$51,8 bilhões, o equivalente a 0,9% do PIB. Porém, referido rombo poderia ser ainda maior, visto que há um embate entre o Executivo e o Legislativo, cujos projetos restantes do ajuste fiscal não são colocados em pauta pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, denunciado por ferir a ética, ao mentir na CPI da Petrobras, ao tempo em que ele ameaç

28/10/2015 - DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO

Há mais de 160 anos, o clássico economista alemão, Karl Marx, começou suas explicações sobre a formação do sistema capitalista, vindo a lume seus livros, destacando-se a coleção de seis tomos de “O Capital”. Nela, ele anuncia as leis gerais do capitalismo. Uma delas é a divisão internacional do trabalho. Ou seja, as desigualdades entre países se devem inicialmente à produção de maiores aos menores valores agregados aos bens e serviços. Em seguida, elas se elevam na esfera do comércio e na esfera financeira. Os países ricos produzem principalmente bens e serviços industriais, de alta tecnologia e que agregam mais valor. Os países pobres produzem bens primários, semimanufaturados e que são exportados, para terem crescimento vinculado aos países ricos. Os países emergentes produzem os dois tipos de bens, buscando ficar no primeiro grupo. Sabendo disto, o Brasil desde o governo de Getúlio Vargas, de 1930, iria criar uma série de mecanismos para a expansão industrial brasileira, muit

27/10/2015 - COLHENDO O QUE SE PLANTOU

A partir de 2009, como defesa da recessão daquele ano, de – 0,2%, a equipe econômica dinamizou uma série de programas, baseados na expansão principalmente do consumo. Houve de quase tudo, desde crédito subsidiado, isenções de impostos, proteção contra concorrência de importados e empréstimos do Tesouro Nacional aos bancos públicos, como BNDES e a Caixa Econômica Federal, que cresceram de R$14 bilhões em 2007, para R$511 bilhões até 2014. Outros programas sociais, como o Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e o Minha Casa Melhor, impulsionaram a construção civil e o varejo. Em 2010, o País cresceu 7,6%. De 2011 a 2014, o crescimento mingou e País ingressou em estagnação. Nesse primeiro mandato da presidente Dilma, a expansão baseada principalmente no consumo e no crédito demonstraram sinais de esgotamento. Mesmo assim, as reformas estruturais não foram feitas e a carga tributária bateu 36% do PIB. Os capitalistas recuaram em seus investimentos. A arrecadação, em consequência, nã

26/10/2015 - DÉFICIT FISCAL TURBINADO

A diferença entre a arrecadação e despesas públicas pode ser superávit ou déficit primário. Depois de 18 anos, em 2014, a União apresentou déficit primário de 0,63% do PIB, R$32,5 bilhões. A grande recessão do País, patrocinada pelo ajuste fiscal, fez o governo enviar ao Congresso um orçamento com déficit de R$30,5 bilhões em 2016. Para obedecer ao TCU, a União tem que pagar aos bancos públicos R$40 bilhões, mais R$10 bilhões de frustração de receitas. O rombo deste ano poderá ser de R$50 bilhões. O fato é que o governo vinha escondendo o déficit fiscal e agora se viu obrigado a mostrá-lo. Sem ter conseguido colocar em ordem as finanças, o Brasil continuará mergulhado na incerteza. A inflação continuará elevada. Os investidores continuam se retraindo, o desemprego se elevando e os consumidores postergando o consumo. Até agora o ajuste fiscal está sendo insuficiente. Os cortes de despesas administrativas foram de R$12 bilhões, em hospedagem, passagens aéreas, serviços de manutenç

25-10-2015 - RIO SÃO FRANCISCO

A matriz energética do rio São Francisco está comprometida. É impossível atender todas as demandas de geração de energia elétrica, abastecimento humano, pecuária, agricultura irrigada, pesca e navegação, A barragem do Sobradinho, no rio São Francisco, atinge seca histórica, aumentando o risco de desabastecimento hídrico, em razão da pior seca em 83 anos. O reservatório está com 5,41% de volume útil, abaixo dos 5,46% de novembro de 2001, quando o Brasil passou por racionamento de energia. A barragem foi inaugurada em 1979, correspondendo a 58% da água usada para gerar energia no Nordeste. De janeiro a outubro de 2015 choveu cerca de 30% da água esperada para o período. A direção de Sobradinho já cogita em usar o volume morto, que é a reserva de água abaixo do ponto de captação, que representa 15% da capacidade. O rio São Francisco tem 2.800 quilômetros de extensão, passando por cinco Estados e 521 municípios. O maior rio de águas nacionais, que vem sendo deteriorado por déca

24/10/2015 - DESEMPREGO METROPOLITANO PIOR DO QUE 2009

O IBGE mede o desemprego brasileiro de duas formas: nas 6 maiores regiões metropolitanas e na maioria dos municípios brasileiros (3.500 em 6.565 cidades). A taxa de desemprego metropolitano é mais baixa do que a maioria dos municípios da Capital e do Interior. Assim, pelo terceiro mês seguido ficou em 7,6% da população economicamente ativa. Entretanto, para meses de setembro é o pior resultado desde 2009, quando o Brasil iniciou o seu ingresso na rápida recessão. Em setembro de 2014 era de 4,9%. Em cerca de dez meses a situação se deteriorou, com jeito de calamidade. Tamanha queda se deve à falta de confiança nos agentes econômicos e da má administração da economia em fase prolongada. O levantamento faz parte da Pesquisa Mensal do Emprego, entre aqueles que são formalizados, isto é, possuem carteira de trabalho, nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre. Na informalidade existem mais de 20% da população brasileira. Por isso mesmo, a Pesquisa

23/10/2015 - DESCONTROLES DA GESTÃO ECONÔMICA

A cada dia, nos últimos dias, tem-se falado no rombo das contas públicas. Na verdade, desde o primeiro mandato da presidente Dilma, a equipe econômica utilizou-se de uma “contabilidade criativa”, na qual, se as despesas fossem maiores do que as receitas, as primeiras seriam escondidas. De 2011 a 2014, apresentando de 2011 a 2013 superávits fiscais, mas, sendo reeleita, a presidente não teve como mais segurar o rombo da sua gestão, admitindo déficit de 0,63% do PIB, R$32,5 bilhões, porém, esquecendo as pedaladas fiscais de 2014. Somente com os bancos estatais correspondem a R$40 bilhões, conforme exposto pelo relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), já para serem compensadas neste exercício. Também, até ontem havia admissão de frustrações de receitas de R$10 bilhões, prevendo-se déficit primário de 2015 de R$50 bilhões. Anteontem, a Agência Reuters afirmou que o déficit primário deste ano poderia ser de R$85 bilhões, ao incluir as pedaladas fiscais, visto que o TCU não acei

22-10-2015 - NOVELA DO TRIPÉ ABANDONADO

Em 1999, FHC resolveu adotar, em seu segundo mandato, um modelo de gestão econômica que vinha dando certo em mais de 20 países, os quais mantiveram a estabilidade dos fundamentos da economia. Todos na área do dinheiro, mediante interligação e sustentação, para que a esfera produtiva funcionasse bem.   Primeira base do tripé, cabendo ao Banco Central (BC) executar o sistema de metas da inflação, definido pelo Conselho Monetário Nacional. Segunda base, nas mãos também do BC, de executar a política do câmbio flexível, comprando e vendendo dólares, para evitar grandes variações do dólar. Terceira base, exclusivamente, pelo Ministério da Fazenda, obter superávit fiscal. Ao Ministério do Planejamento coube o acompanhamento das referidas ações, tão diferente daquele período (1949-1979), em que havia o planejamento de longo prazo. Isto é, definindo metas. Quatro anos de FHC, mais oito de Lula e três de Dilma (1999-2013), quinze anos nos quais existiu em cada ano superávit primário, o q

21/10/2015 - FALTA DE CONFIANÇA DA INDÚSTRIA

Depois de recuar 47 meses consecutivos até agosto, segundo o IBGE, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) de outubro é o menor desde 1999, conforme a Confederação Nacional da Indústria. Há quatro anos a participação da indústria era de 14% do PIB, hoje está próxima de 10%. Definha-se, acentuando a curva de pessimismo que se abateu sobre a economia brasileira. O ICEI caiu 0,7% em outubro e chegou ao ponto mais baixo da série histórica, iniciado em 1999. Em escala na qual os valores abaixo de 50 pontos se referem à falta de confiança, na escala de zero a 100, o ICEI chegou a 35 pontos em outubro. Citado patamar é 10,8 pontos inferior ao registrado no mesmo do ano passado, o que representa frustrações das expectativas dos empresários, em que a presidente cumprisse promessas de campanha, desde o seu primeiro mandato. Reforma política, reforma tributária, reforma da política público-privada, reforma da educação, reforma da saúde, reforma do ambiente dos negócios. São a

20/10/2015 - CORRUPÇÃO POR TRÁS DA MP 471

No dia 20 de novembro de 2009, foi assinada pelo presidente Lula a Medida Provisória 471 (MP 471), favorecendo o ramo automobilístico. E-mails aprendidos pela Polícia Federal, obtidos pelo jornal O Estado de São Paulo, mostram lobistas discutindo detalhes de acertos financeiros, para que as montadoras de automóveis pagassem parcelas de dinheiro em diferentes fases de tramitação da MP, ultrapassando até a última fase, que seria a sanção presidencial. Por exemplo, ontem, o citado jornal citou que, em comunicações com o lobista Alexandre Paes dos Santos e os escritórios de advocacia SGR, Marcondes & Mautoni, ficou claro que caberia à MMC Automotores, empresa que fabrica veículos Mitsubishi no Brasil, pagar R$1,5 milhão, em parcelas de R$125 mil, nos primeiros doze meses após a edição da norma. Outra empresa que pagou valores parcelados foi a CAOA, que teve vertiginoso crescimento, a qual monta veículos da Hyundai. Os recursos seriam repassados a títulos de “assessoria jurídica”

19/10/2015 - O MAIOR PROBLEMA ECONÔMICO

Sem dúvida, é a dívida pública é o maior problema econômico do País. Principalmente porque é um problema estrutural. Basta que se veja que no ano passado, na real, houve déficit primário, depois de 18 anos. Em tese, o governo devedor deve gerar superávit primário, para, com ele, pagar pelo menos parte dos juros da dívida. Portanto, de forma líquida, não se pagou os encargos da dívida brasileira. Ademais, o governo federal ainda mandou em agosto um projeto de orçamento público com déficit primário de R$30,5 bilhões. Foi a gota d’água para o Brasil perder o selo de qualidade, para o investimento, da maior agência de risco internacional, a Standard & Poor’s. Poder-se-ia argumentar que o maior problema seria o gasto público excessivo, que cresce a taxas maiores do que as do PIB por muitos anos. Este problema é conjuntural. Quer dizer, pode ser acertado no curto prazo. Entretanto, quando se vinha pagando há 18 anos os juros e havendo um esforço para redução da participação do PIB,

18/10/2015 - EMPREGO NA INDÚSTRIA TEM 47 CORTES ININTERRUPTOS

O IBGE divulgou que em agosto o emprego na indústria caiu 6,9%, em frente a agosto do ano passado. O IBGE revelou que esta é a maior queda já registrada pela série histórica iniciada em dezembro de 2000. Trata-se da 47ª taxa negativa consecutiva, em quase quatro anos seguidos. Todos os 18 segmentos industriais tiveram perdas de vagas em agosto. O que mais pesou foi o ramo de transportes, representado por montadoras de automóveis, aviões e barcos. O setor industrial sofre com a baixa demanda e com estoques elevados, além de crédito mais restrito, renda menor do brasileiro, consumidores adiando decisões de compra e cortando vários itens da cesta de produtos. De janeiro a agosto a redução de pessoal foi de 5,6%, na comparação do mesmo período de 2014. O quadro ruim gerou queda de 8,4% na folha de pagamento da indústria. O IBGE não divulgou quanto a indústria representa hoje do PIB. Acredita-se que se encaminha para 10% dele. A decaída é enorme, visto que em 1985 era de 25% do PIB.

17/10/2015 - REUNIÃO DA JUNTA ORÇAMENTÁRIA

Reuniram-se anteontem o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o Ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, o Ministro da Casa Civil, Jacques Vagner, na chamada Junta Orçamentária, para avaliar as contas públicas, ao tempo em que era anunciada a redução da nota brasileira pela agência de risco Fitch Ratings. Conforme anunciado há alguns meses, até agora não modificado, pretende-se na execução orçamentária federal obter-se um superávit de 0,15% do PIB, cerca de R$5,8 bilhões neste ano, além de um superávit de 0,7% do PIB em 2016, por volta de R$27 bilhões, isto como resposta ao ajuste fiscal em curso, além de ser uma resposta positiva ao que houve em 2014, quando houve déficit primário, coisa que não havia há 18 anos. Ocorre que se estagnando em 2014 e entrando em forte recessão neste ano, durante a reunião em tela se avaliou um resultado pessimista, segundo divulgado ontem pela FSP. Na verdade, se o Tribunal de Contas da União (TCU) insistir que o governo federal cubra de imediato a

16/10/2015 - DEFESA DA REDUÇÃO DOS JUROS PAULATINAMENTE

O Banco Central (BC) no primeiro mandato da presidente Dilma, recebeu os juros básicos da economia, a SELIC, em 12,25%, reduzindo-a, rapidamente, em um ano, para 7,25%. A inflação recrudesceu, visto que a demanda agregada se tornou bem maior do que a oferta agregada. Então, o BC, em dois anos, voltou de 7,25% em 2013, para 14,25% ao ano, até setembro passado, fazendo crer que a elevaria mais, se a inflação passar de 10%. A inflação se mantém alta, em 9,5%, há alguns meses. Taxas de juros tão altas comprometem 8% do PIB em pagamento anual de encargos financeiros. Nos Estados Unidos a taxa básica é de menos de 0,5%. No Japão está ainda menor. Nos países europeus não ultrapassa 2%. No Brasil os empresários da esfera produtiva, principalmente os industriais, propugnam pela redução equilibrada da SELIC. Porém, os banqueiros não, justamente os que mais têm ganho que a SELIC elevada. Para Joaquin Cottani, argentino, economista-chefe para a América Latina da Standard & Poor’s, em en

15/10/2015 - CICLOS DE EMPREGO

O investimento global faz parte da demanda agregada da economia, demanda esta que conduz todo o aparelho produtivo. Relembrando, a demanda agregada é composta pelo consumo das famílias, pelos investimentos das empresas, pelos gastos do governo, mais o setor externo, composto de exportações menos importações. Dentro dos gastos governamentais existem duas parcelas distintas, o custeio e a infraestrutura, esta última é o investimento governamental. Ao assumir a economia brasileira o PT se manteve ortodoxo, preservando o tripé de câmbio flutuante, metas de inflação e superávit fiscal. Gerando tamanha confiança, tanto de empresários como de consumidores, o crescimento econômico desatou via uso da capacidade ociosa, crédito farto e barato e bom desempenho do setor externo. Assim, de 2003 para 2014, a renda somente cresceu no agregado de 33%. Entre 2004 a 2013, a economia brasileira criou por ano, uma média de aproximadamente 2 milhões de postos de trabalho. Portanto, de 2003 a 2014 o

14/10/2015 - AJUSTE LENTO E ÍNDICES RUINS

Hoje a Confederação Nacional do Comércio divulgou que as vendas no varejo neste ano já recuaram 3%. O mercado financeiro acredita também que o PIB recuará por volta de 3%. O desemprego previsto está em 2 milhões de cidadãos. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria concluiu que três em cada quatro brasileiros temem ser demitidos nos próximos 12 meses. O poder dos salários vem sendo corroído por causa da inflação próxima de 10%. A inflação não era tão alta desde 2003. A severa retração do mercado de trabalho e o desemprego fazem o consumo retrair ainda mais, levando a um círculo vicioso que derruba ainda mais a economia. A elevação do preço do dólar está contribuindo também para um processo inflacionário que não retroage. Os preços administrados são os maiores responsáveis pelo recrudescimento inflacionário. Subiram 16,3% nos últimos doze meses, sendo a energia elétrica responsável por 53% da conta de luz. Botijão de gás subiu 20%. Carnes, 17%. Ônibus municipal 14%. Gasolin

13/10/2015 - RENOVAÇÃO ANTECIPADA DE CONCESSÕES

A geração de energia elétrica brasileira é feita por mais de cem hidrelétricas, na forma de concessão por cerca de trinta anos. Venceriam as concessões no ano que vem. Porém, em 2012, a presidente Dilma decidiu em reduzir as contas de energia elétrica em 20%, antecipando as concessões. A consultoria Thymos Energia calculou que a citada antecipação deixou o governo federal de arrecadar R$35,6 bilhões. Valor este superior ao déficit primário estimado pela proposta de orçamento enviada ao Congresso de R$30,5 bilhões.   A prorrogação não evitou que as contas voltassem a ser elevadas. Só neste ano elas se elevaram em cerca de 50%, pressionando fortemente a inflação, a qual o governo tenta debelar com elevação da taxa de juros, já no patamar de 14,25%. Por seu turno, a falta de chuvas obrigou o governo a usar termelétricas, o que encareceu bastante as contas de luz. A edição de 2015 do Anuário Exame de Infraestrutura listou 1.640 obras que irão custar R$1,2 trilhão. Há 95 projetos

12/10/2015 - DETERIORAÇÃO RÁPIDA DA ECONOMIA

O secretário geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurria, em documento apresentado à reunião do comitê gestor do Fundo Monetário Internacional (FMI) reiterou que a economia mundial deverá ter o quinto ano consecutivo de redução da atividade, mas a taxa média será superior a 3%, visto que os Estados Unidos, o Reino Unido e a Índia crescerão em níveis elevados, embora a China desacelere para menos de 7% e a um ritmo decepcionante para a zona do Euro. Países como Venezuela, Brasil e Rússia terão grande recessão, onde houve rápida deterioração das economias domésticas. No Brasil, em meio ao ajuste fiscal, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, declarou naquela reunião, que “o downgrade (rebaixamento), mesmo que por uma agência, teve um efeito devastador em várias companhias”, referindo-se à perda do selo de qualidade por parte da agência de risco, a Standard & Poor’s, a maior daquelas que avaliam risco de países e empresas. Na verdade,

11/10/2015 - SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE EM UM VIÉS DE AVALIAÇÃO

A Constituição de 1988 criou o Sistema Único de Saúde (SUS), visando a que todo o brasileiro pudesse ser atendido no sistema público. Porém, a interminável burocracia trouxe um porém. Somente aqueles que têm a carteirinha. Sem registro, “não existe”, não é atendido. Considerando o cadastrado, no mundo só há no Brasil a previsão de atendimento de três princípios: (1) universalidade – todos têm direito; (2) equidade – todos são iguais, também, em tese, no atendimento, visto que há desvios, mas na curva normal; (3) integralidade das ações – todos têm direitos aos benefícios em geral. Portanto, em tese, o SUS é maravilhoso. Na prática, não funciona bem. Milhares de problemas e milhares de soluções se apresentam. Em todas as aulas do autor desta coluna de uma página, diária, desde 01-01-2007, sempre ficou saliente que o problema da saúde brasileira é de má gestão. O governo brasileiro se refere à falta de dinheiro. Para tal, FHC criou o IPMF, transformado em CPMF, recursos que deveri

10/10/2015 - DE SUPERÁVIT PARA DÉFICIT DO GOVERNO

O problema da gestão econômica atual é que transformou um superávit fiscal anual em déficit primário. O Brasil não deve ter déficit público primário, que é a diferença entre a arrecadação e as despesas, visto que tem uma enorme dívida pública, por volta de 65% do PIB, até o ano passado era de 63%. É um montante enorme, superior a R$2,6 trilhões. Durante a era FHC, houve déficit no primeiro mandato (1995-1998). Porém, do segundo mandato em diante (1999-2002), firmou-se um tripé econômico, formado por superávit primário, câmbio flutuante e sistema de metas de inflação, fixado pelo Conselho Monetário Nacional, visando crescimento sustentável. Como aqui o assunto agora é superávit, estabeleceu-se desde 1999, que se perseguiria um saldo positivo referido de 3% do PIB. Durante a era Lula, em dois mandatos, ele foi mantido. Daí, a razão do crescimento médio por volta de 4% ao ano de 2003-2010. A perseguição do superávit primário é porque permite ao governo ter condições de pagar pelo m

09-10-2015 - INIMIGO COMUM

Desde o final do ano, quando ficou muito claro a deterioração das contas nacionais, em quatro anos consecutivos (2011-2014), o governo da presidente Dilma mudou a política da “nova matriz econômica”, para a política do ajuste fiscal. O Brasil ingressou em progressiva recessão. A cada dia se vem comprovando o pessimismo dos agentes econômicos e cada vez mais se mergulha em uma situação de retroação. O título do artigo de Rogério César Cerqueira Leite, de 84 anos, físico de formação, do Conselho Editorial da FSP, publicado ontem, tem como título “A vingança apocalíptica”, translada-se para a explicação política sobre a situação caótica atual do País. Começa o texto assim: “Hoje estão em consonância no Brasil forças extremas da sociedade, que em tempos mais severos ficariam em campos opostos... Hoje dão as mãos o direitista ‘O Estado de São Paulo’, a minha querida quase imparcial Folha, o oportunista ‘O Globo’ e a histérica revista ‘Veja’. Hoje se alinham para panelaços a popula

08/10/2015 - CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA EM PIB

Nos anos de 1970, o Brasil alcançou o 8º PIB mundial, quando os militares comemoraram muito, visto que nos anos de 1960 o Brasil estava em 25º lugar. Buscando as razões históricas, vê-se que o tipo de colonização foi de exploração (1500-1822), quando retiram riquezas quanto o puderam, além de que no império (1822-1889), para seu reconhecimento pela Inglaterra, o Brasil teve de assumir a dívida portuguesa e fez mais dívida pública pelas guerras de independência, elevado fardo que rola até hoje. Durante a república velha, chamada também de café-com-leite (1889-1946), isto é, eminentemente agrícola, passando por uma república democrática (1946-1964), que impulsionou a indústria, mas mesma assim, não conseguiu o País deixar a rabada do progresso dos grandes países mundiais, já que é o 5º do mundo em extensão, o 5º em população, sem equivalência com sua economia. O salto dado dos anos de 1960 aos de 1970 poderia até maior ser considerado, se não fosse a desvalorização cambial de entã

07/10/2015 - PARCERIA TRANSPACÍFICO

Formada anteontem uma aliança comercial entre 12 países bastante competitivos, situados nas bordas do oceano Pacífico, chamada de Parceria Transpacífico (TPP, sigla, em inglês), um acordo de livre comércio, costurada há oito anos pelos Estados Unidos, sendo o maior acordo da espécie da história, envolvendo 40% do PIB mundial. Na verdade, os Estados Unidos querem reiterar sua hegemonia, facilitando suas ações de crescimento, já que sua economia está em forte ascensão. Para um país desenvolvido crescer por volta de 3% é a solidificação de seu poderio. Convém lembrar que os Estados Unidos nos anos de 1950 chegaram a ser responsáveis por 40% do PIB mundial. Hoje, por volta de 25% do PIB, o que agora intenta é aumentar a sua dominação. O acordo também é uma resposta ao avanço da China, que se capacitou há mais de três décadas e atualmente é a segunda potência econômica do mundo. O Brasil não tem saída para o Pacífico e tem acordos somente com fracos parceiros do Mercosul, em frequ

06/10/2015 - INSISTIR ARRECADAR MAIS É DESCONHECER A CURVA DE LAFFER

Toda semana o Banco Central pesquisa com 100 instituições financeiras credenciadas, as perspectivas mais imediatas da economia. Pela 12ª vez consecutiva houve piora nas perspectivas. Para a inflação, medida pelo IPCA, a projeção deste ano é de 9,53%. Para o PIB, a estimativa de 2015 é de – 2,85%. Já, para o dólar é de fechar o exercício em R$4,00. Na semana passada o dólar comercial esteve em R$4,22. Mesmo que o governo comece a queimar as reservas externas, no valor de US$370 bilhões, não deverá usar muito delas, visto que elas são a garantia de pagamento do déficit global do balanço de pagamentos superior a US$100 bilhões. Os agentes consultados geralmente tem forte formação tanto acadêmica como prática. É consenso que a draga pela qual passa o Brasil precisa ser mudada. Para isto é preciso que seja ampliada a taxa de investimentos. Por simplicidade, o raciocínio do investidor é de saber se existe procura por seus produtos, de fazer o cálculo dos seus custos, margem de lucro,

05/10/2015 - SUPERAR CRISE DE CONFIANÇAS

A economia é puxada pela demanda agregada, que é o conjunto dos consumidores, mais os investimentos, mais o governo, mais o setor externo (DA = C + I + G + X – M). O setor externo é o único com sinal positivo. Isto é, as exportações (X) menos as importações (M). Porém, o sinal do positivo do setor externo não se deve ao bom desempenho dele, e sim, de suas restrições. A forte desvalorização da moeda brasileira, perante o dólar, promoveu estímulos às exportações, mas o seu valor em dólar tem sido menor no acumulado deste ano em relação ao ano passado, assim como as importações ficaram mais caras, havendo maior retração na sua pauta neste ano do que igual período do ano passado. Conforme anunciado pelo governo os seus gastos foram contraídos em pelo menos 30%, os capitalistas demonstram forte recolhimento de seus projetos de inversões e, os consumidores, perante elevada inflação e aumento da taxa de desemprego, postergam consumo de uma forma em geral. Conforme a Fundação Getúlio

04/10/2015 - OS SEM-SEM

Nova categoria de pessoas está aparecendo neste ano recessivo. São os “sem-sem”. Sem bolsa família, sem casa, sem eletrodomésticos, sem educação, principalmente de especialização técnica (PRONATEC), sem emprego, sem dinheiro. Diz o dito popular: “não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe”. Esse é ditado, salvo melhor juízo, aplicável ao assistencialismo governamental. Ou, na música de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira: “Mas, senhor, uma esmola, para um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”. Frase que também se aplica como uma luva a programas de doações em dinheiro. O que projetou mais os governos do PT foram os chamados programas sociais, em destaque o Programa Bolsa Família, que inclui o Programa Brasil sem Miséria. A justificativa era de que, com a ajuda, um dia haveria a autonomia do assistido. Mas, não. Inúmeros deles permaneciam e ainda permanecem recebendo a bolsa, mesmo não precisando mais dela. O aperto advindo da gastança chegou, com

03/10/2015 - REDUÇÃO DA MÁQUINA PÚBLICA

Anunciada há dois meses a reforma ministerial, ontem ocorreu, em resumo, passando os ministérios de 39 para 31, fim de 30 secretarias, de 3.000 cargos comissionados e corte de 10% nos salários dos ministros e da presidente da República, cujo fito é reduzir 20% das despesas de custeio, sem mostrar onde serão os cortes por ministérios. A lista das dez de medidas objetivou ser uma costura política, fortalecendo as indicações de Lula, atribuindo mais um ministério ao PMDB, sendo remanejadas algumas seis cabeças de área, indo para a pasta de Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, homem de confiança do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, na esperança de que Cunha não coloque em votação o impeachment da presidente. A primeira medida foi a redução de oito ministérios. A segunda, fusão das pastas da e Pesca e da Agricultura. A terceira, extinção da Secretaria de Assuntos Estratégicos com atribuições integradas ao Ministério do Planejamento. A quarta, integração da Secretaria Geral à Se

02/10/2015 - CÍRCULO VICIOSO DO DESEQUILÍBRIO FISCAL

As políticas macroeconômicas clássicas são: a monetária, a cambial e a fiscal. Todas as três estão interligadas por envolver dinheiro. Uma boa gestão envolve, na política monetária, por simplicidade, saber usar a taxa de juros para controlar a inflação; na política cambial, por singeleza, na defesa do ataque especulativo externo, mediante um colchão de reservas internacionais, para poder atuar na paridade dólar/real; na política cambial, na obtenção de superávits fiscais, seja primário, seja nominal. A era de FHC (1995-2002) foi marcada pela estabilidade econômica, advinda do Plano Real, que foi uma reforma monetária, a partir de 1994 e ainda em vigor. Montou-se um tripé de meta de inflação (política monetária), câmbio flutuante (política cambial) e superávit primário (política fiscal). Este superávit primário foi definido para sobrar recursos para pagar os juros da dívida pública. FHC conduziu razoavelmente a economia brasileira, obtendo taxa de crescimento do PIB por volta de