30/04/2012 - BANCOS PERDERAM MUITO

Encerra-se o mês de abril e o valor de mercado dos grandes bancos caiu mais de R$40 bilhões. Valor de mercado é o valor global das ações na bolsa. Isto é, a quantidade total de ações vezes o seu valor de cotação no último dia de negociações. No caso, o último dia deste mês foi sexta feira, dia 28. Tal valor de parte dos ativos valorizados dos bancos corresponde a uma empresa fictícia, que ocuparia o 12º lugar em valor patrimonial de bolsa, na Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), uma das maiores do mundo, onde se negociam centenas de empresas todos os dias. Ou, corresponderia ao valor de uma empresa gigante, centenária, multinacional, extremamente lucrativa, como é a Souza Cruz, em território pátrio, avaliada em bolsa por R$44 bilhões. A dimensão do prejuízo de mercado sacode a área.

Referida perda se deveu à pressão do governo federal para que os bancos reduzissem o spread bancário. Vale dizer, a diferença ente o que eles cobram aos clientes, do que eles pagam na captação de dinheiro. No caso brasileiro, acima de 30% ao ano, enquanto aqui na América Latina tal spread está por volta de 5% anuais. A crítica federal levou: primeiro a que os bancos públicos reduzissem muito suas taxas de empréstimos, no que foram acompanhados modestamente pelos bancos privados alguns dias depois; segundo, ao reconhecimento de que a inadimplência está muito grande e ascendente, atual e como perspectiva para todo o ano. Dados do Banco Central mostram que o calote das dívidas de hoje somente perde para aquele acontecido a partir de 2008, quando quebrou o Banco Lehman Brothers, em 21 de setembro, levando a uma crise sem par em muitas décadas e até o momento ainda não totalmente debelada.

A queda das ações do Banco Itaú, o maior banco no Brasil, em abril, foi de 15,2%. Este só acredita em recuo da inadimplência no fim do ano. Por isso, os analistas do banco de investimentos Credit Suisse rebaixaram ontem as ações do Banco Itaú para “abaixo da média de mercado”. Em seguida, o Banco do Brasil, o segundo, perdeu 10,4% em valor de mercado. O Banco Santander caiu 7,1%. O Bradesco perdeu 5,7%. Já a BOVESPA caiu no mês 3,6%. Por seu turno, os três maiores bancos privados de varejo do País divulgaram nos últimos dias lucros modestos no primeiro trimestre, para o padrão do segmento de crédito.

Em resumo, o mercado de bolsa pune o segmento dos bancos por temor de inadimplência e pela continuada pressão do governo federal, para que pratique taxas que estimulem maior nível da atividade econômica.