25/04/2012 - MANIPULAÇÃO DE DADOS
A inspiração deste blog vem sempre de bons autores, quando se procura sintetizar e colocar um pouco de teoria econômica. Na Folha de São Paulo de hoje, o colunista Alexandre Scwartsman, que escreve a cada quinze dias, faz artigo intitulado “Zen e a arte de manipular dados”, quando o abre com: “Ao longo dos anos (e não são poucos!) como economista, fui aprendendo a reconhecer alguns truques retóricos. Um dos mais comuns consiste em apresentar grandezas sem escalas que permitam uma comparação efetiva dos valores envolvidos... Concretamente, quando alguém menciona determinado valor (tipicamente bilhões de reais) sem dizer, contudo, como isso se compara à evolução de outras variáveis, como o produto, as receitas do governo ou qualquer outra grandeza que possa ser relevante para o assunto em questão, não tenham dúvida: o argumento não está sendo feito de forma equilibrada (ia dizer, honesta, porém poderia ser algo injusto), mas sim com o objetivo de reforçar um dos lados da história”. O autor se refere às grandezas das propagandas das obras públicas, dos programas sociais, da dívida da União, das dívidas dos Estados.
A propósito, o autor coloca o fato de que o PIB em 2000 era de R$1,2 trilhão, atingindo R$4,1 trilhões em 2011, crescendo 240%, enquanto a arrecadação aumentou de R$93 bilhões para R$365 bilhões no mesmo período, algo como 290%. Já a dívida dos Estados era de R$137 bilhões em dezembro de 2000, alcançando R$369 bilhões no final de ano passado, sendo 1,7 vez mais entre as duas datas, não obstante o pagamento de juros e amortizações. A dívida pública em relação ao PIB em 2000 era 11,6% e em 2011 alcançou 8,9% do PIB. Portanto, os números estão melhores, não obstante as críticas dos Estados de que estão muito endividados; eles estavam pior há dez anos. Ou, da oposição, que o grau de endividamento tem crescido. Este também era pior. Na verdade, os juros básicos da economia, representados pela taxa SELIC caíram sistematicamente durante uma década. Entretanto, os Estados têm dificuldades e a União vê seu orçamento engessado, por ter de pagar tão grande dívida.
A manipulação de dados do atual governo se deu com a divulgação de que a inflação em 2011 foi de exatamente 6,5%. Isto é, o centro da meta de 4,5%, que é desde 2005, mais o viés de 2% de alta. Coincidências existem, mas não em economia. No passado, nos anos finais dos anos de 1970, o Ministro da Fazenda de então, Mário Henrique Simonsen, afirmava categoricamente que a inflação tinha subido devido à elevação meteórica do chuchu. É bom estar atento, visto que as autoridades de plantão procuram quase sempre manipular as estatísticas.
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