30/10/2013 - APERTO DO TESOURO
O Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço (FGTS) são recursos depositados mensalmente pelos empresários, para
fazer face às indenizações dos trabalhadores, seja a qualquer momento, seja
quando da sua aposentadoria. Surgido em 1966, ele substituiu a estabilidade no
emprego, então existente. Daquela época, para os dias atuais, ele se constituiu
em um fundo estável, visto que, mensalmente, as demissões correspondem a cerca
de 5% do total dos empregados, ficando 95% guardados, para saque futuro. Em
razão da experiência, é possível estimar o orçamento para o próximo ano, bem
como as suas aplicações. Para 2014, o orçamento do FGTS está projetado em
R$72,6 bilhões. Destinados à habitação poderão ser R$57,8 bilhões, quase 80% do
total, sendo a maior parte dele destinados ao programa de habitação popular
denominado de Minha Casa, Minha Vida. Para este, o Conselho Curador do Fundo
estima R$6 bilhões de subsídios, descontos nos valores dos imóveis a fundo
perdido, até 2017. A perspectiva é para o governo federal lançar a terceira
etapa do referido programa, sendo a primeira e a segunda etapa de um milhão de
habitações cada uma. Provavelmente, para até 2017 serão projetados mais outro
milhão, totalizando em dez anos três milhões. Não é difícil imaginar que sem os
recursos de que faz uso o governo do FGTS como menor seria o investimento
público e o crescimento do PIB.
Na reunião de ontem do citado
conselho, o Tesouro Nacional se comprometeu a devolver ao FGTS as receitas
arrecadadas com a multa adicional de 10% nas demissões sem justa causa, isto
porque a referida multa não tem mais sentido. A multa convencional é de 40%.
Porém, em 2001, quando a súmula do Superior Tribunal Federal reconheceu as
perdas do FGTS dos planos econômicos relativos ao Plano Verão e ao Plano
Collor, FHC fez um programa, chamado de “O Maior Acordo da História”, visto que
envolvia mais de 40 milhões de contas do FGTS, para pagar em vários anos à
frente, àqueles que ingressaram ou não na Justiça. Na verdade, não há praticamente
mais resíduos a pagar, desde março de 2012, não tendo sentido o seu
recolhimento compulsório, pelo que os empresários reclamam e querem a extinção
dos chamados 10%. A União insiste em recebê-los e cabe ao Congresso decidir
sobre isto. Já houve tentativa de decisão, mas a bancada governista adiou a
elisão desses 10%. Enquanto isto, o Tesouro recolhe os 10% do adicional e
promete integrá-los ao patrimônio do FGTS. O valor retido entre março de 2012 a
julho deste ano, já atinge R$4,6 bilhões, mas o pagamento será parcelado de
apenas R$100 milhões por mês, a partir de abril de 2014. Claro, continuando o
recolhimento, o bolo será cada vez maior. Este aceno federal é para
“justificar” os subsídios habitacionais que reduzem o FGTS e mantêm a
arrecadação.
Enfim, fica claro o aperto
financeiro que acontece no Tesouro, nada obstante a arrecadação crescer, de
forma real, já que a fiscalização é cada vez mais aprimorada. Isto decorre da
pressão que a imensa dívida pública exerce nele, exclusivamente para pagamento de
juros e rolagem de parte deles, além dos gastos correntes governamentais
crescerem historicamente (aumento da máquina pública) há mais de dez anos, mais
do que o crescimento do PIB.
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