25/10/2013 - REVALORIZAÇÃO DO REAL
A política econômica brasileira,
desde 1979, deixou de ser basicamente estrutural, isto é, via planejamento
econômico, para ser basicamente conjuntural, via política monetária, política
cambial e política fiscal. Na política monetária, o Banco Central administra a
meta de inflação, agindo sobre a taxa de juros. Na política cambial (que é a
monetária externa), o Banco Central trabalha para manter o real valorizado,
desde 1994, para também combater a inflação. Na política fiscal, procura manter
elevada a alta carga tributária, para gerar superávit primário, conseguindo
pagar os juros da dívida pública e obter grau de investimento (crédito
externo).
O 10º Fórum de Economia da
Fundação Getúlio Vargas, realizado no início deste mês, focalizou o câmbio
valorizado como estratégia de política econômica conjuntural, desde a edição do
Plano Real, mudança inversa do câmbio desvalorizado comumente realizado desde
1930 a 1994. O câmbio depreciado desde 1930 protegeu a indústria brasileira e
serviu para torná-la forte e sólida. Porém, todo tempo, em média, a inflação
importada atingiu (e atinge) 30% da inflação oficial (IPCA = Índice de Preços
ao Consumidor no Atacado), hoje calculada por uma sexta de bens, mais serviços,
não menor do que conter 460 itens de consumo pelo IBGE, em dez capitais
brasileiras. Portanto, a inflação vinda de fora puxava a inflação aqui dentro
(e ainda puxa). O truque do Plano Real foi o de procurar evitar tal efeito
deletério. Valorizou o real, via URV (Unidade Real de Valor), no período de 28
de fevereiro a 30 de junho de 1994. Quando um real passou a valer um dólar em
01 de julho de 1994, o Banco Central passou a usar o sistema de bandas
cambiais, intervindo no mercado do dólar. Imediatamente, o dólar passou a valer
R$0,84, mostrando assim que ele estava mais apreciado. Como a diferença entre a
inflação brasileira (sempre maior) do que a inflação em dólar, o real
paulatinamente foi desvalorizado, no primeiro governo de FHC (1995-1998), mas
ainda mais apreciado do que o dólar. No segundo mandato de FHC (1999-2002), o
real passou a ser desvalorizado, por pressões registradas no balanço de
pagamentos, em face da absorção das crises externas. No primeiro mandato de
Lula (2003-2006) o real voltou a valorizar-se muito, chegando até R$1,51. No
segundo mandato de Lula (2007-2010), à exceção do período do primeiro mergulho
da crise internacional (2008-2009), o real foi bastante depreciado, chegando a
R$2,85. Porém, rapidamente, voltou a ser valorizado, fato que permaneceu até os
primeiros meses deste ano, entre R$1,90 a R$2,00. Em suma, no período do PT, a
lógica do crescimento econômico deles foi de manter o dólar valorizado, a maior
parte do tempo, para conter a inflação e promover o crescimento do PIB. Quer
dizer, nos anos de 1994 até início de 2013, promoveu-se a desindustrialização
(o contrário do período de 1930-1994). As pressões tem sido imensas para
valorizar o real (há exportadores que querem o dólar até R$3,50, uma
temeridade). Portanto, em meados deste ano, o real chegou a desvalorizar-se em
20%. Porém, não se sustentou, voltando a uma desvalorização de apenas 10%,
denotando quanto é vacilante a política econômica atual. Quer dizer, houve em
curto período de tempo uma revalorização do real de 10%. Entretanto, sem uma
política cambial da realidade, o governo não consegue fortalecer a indústria,
vindo, portanto, obtendo baixas taxas de crescimento do PIB.
Comentários
Postar um comentário