17/10/2013 - BOLSA FAMÍLIA AOS DEZ ANOS
Neste outubro completa dez anos o
Programa Bolsa Família, instituído no governo Lula, em substituição ao Programa
Bolsa Escola, este criado no governo FHC. A ideia fora a de redistribuir recursos
para os cidadãos desprovidos de renda, miseráveis e muito pobres. Claro, em
tese, a medida é correta, visto que faz doação em dinheiro, em troca de a
família ter filho na escola e realizar as vacinas obrigatórias, justamente para
os menores favorecidos e sem condições mínimas de realizar um trabalho. Porém,
a crítica que se faz é que menos de 20% dos assistidos foram autonomizados.
Grande parte deles ficou viciada em receber as doações e isto não é bom para a
sociedade que busca ser desenvolvida. Sem dúvida, a falta de autonomia se deve
principalmente ao baixo nível educacional dos três níveis nacionais, conforme
reprovações (nota abaixo de cinco) de avaliações anuais do próprio MEC.
Ademais, a saúde publica brasileira é visivelmente deficitária. Logo, como
autonomizar tais cidadãos? Este é o desafio, visto que já há viciados em não
querer sair da condição de assistido (de não trabalhar).
Sem dúvida, em face da nova
realidade a pirâmide da distribuição de renda melhorou a sua conformação nos
últimos vinte anos. Isto é, o coeficiente de Gini, medidor do grau de
concentração de renda, que estava acima de 0,6 em 1994, data da estabilização
do Plano Real, agora em 2013 está por volta de 0,5, conforme acompanhamento do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), órgão vinculado diretamente à
presidência da República, através da Secretaria de Assuntos Estratégicos, que
tem nível de ministério. O IPEA foi criado em 1967, para ser órgão auxiliar do
governo, avaliando as políticas públicas. No próximo dia 30, o IPEA lançara
livro sobre avaliação global do Programa em tela.
Por enquanto, mediante estudos de
equipes do IPEA, para cada R$1,00 repassado pelo referido Programa, o PIB se
eleva em R$1,78, em contraste com outros programas assistencialistas, tais como
os benefícios previdenciários que, para R$1,00 despendido se incrementa R$1,53
do PIB; o seguro desemprego promove elevação de R$1,19; o FGTS, de R$0,53. Claro,
referidos benefícios vão direto ao consumo, realizando o efeito multiplicador
da economia. Porém, o que mais precisa o Brasil é de maior efeito acelerador,
mediante investimentos privados, que, infelizmente, tem se retraído, por
desconfianças da intensa intervenção e regulação do Estado ao setor privado,
ora fixando certas regras, ora as retirando ou alterando abruptamente, conforme
ações dos seus 39 ministérios fiscalizadores, tendo criado, desde 2004, mais de
13 estatais.
Em resumo, o Programa Bolsa
família beneficia 13,8 milhões de famílias, atendendo a cerca de 50 milhões de
pessoas, cujo orçamento previsto é de R$24 bilhões, segundo o IPEA. Porém,
carece de um verdadeiro diagnóstico e não somente de aplausos, conforme a atual
gestão gosta de alardear.
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