27/10/2013 - INFRAESTRUTURA REQUERIDA
O Anuário Exame de Infraestrutura
2013-2014 contratou a consultoria McKinsey para estimar quanto de recursos
necessários, para os próximos 20 anos, o Brasil necessita para atingir o nível
de países avançados em infraestrutura. Referida consultoria calculou que serão
necessários R$5 trilhões ou R$240 bilhões por ano. No ano passado, os gastos
governamentais com infraestrutura foram de R$100 bilhões, correspondentes a
2,2% do PIB. A participação da média mundial em infraestrutura é de 3,8% do PIB
global. Para alcançar o grupo dos países ricos o Brasil teria que investir doravante
5,5% do PIB. Em países emergentes como a
China, os gastos em infraestrutura alcançam 8,5% do PIB. Na Índia, é de 4,7% do
PIB.
É claro que tem algo errado,
porque o Brasil quer investir em infraestrutura e não o faz? Ora, o limite é
dado pelo orçamento federal, visto que cerca de metade dele é praticamente para
pagar juros da dívida pública. É bom observar que os governos brasileiros, de
uma forma em geral, desde os anos de chumbo da ditadura militar (1964-1984)
procede ao que disse nos anos de 1970, o ministro da Fazenda de então, Antônio
Delfim Netto, vivo, aos 84 anos, conselheiro econômico tanto de Lula como de
Dilma; “Dívida não se paga; rola-se”. Por seu turno, a carga tributária já é
maior do que 36% do PIB. Os empresários e trabalhadores propugnam por menos
tributos. Portanto, não será elevando tributos para sair desse nó, sem contar
que a reforma tributária não passa no Congresso. A última reforma da espécie
foi em 1967. De lá para cá se tem feito remendos constitucionais ou se criado
novos tributos. Em suma, somente tem duas saídas: a redução dos gastos
correntes governamentais e concessões para parcerias público-privadas. A
redução da máquina pública nem passa pela cabeça dos atuais dirigentes do PT,
desde 2003. Pelo contrário, a presidente Dilma criou mais um ministério, o 39º.
Já as concessões das telecomunicações, aeroportos, rodovias, ferrovias, portos,
energia e saneamento vão a passos de cágado, desde 2004, quando foi criada a
lei específica das parcerias público-privadas. Na verdade, falta clareza em
projetos federais, além de criar mais estatais para controlar as parcerias,
afastando o potencial investidor privado. Por seu turno, um dos maiores erros
cometidos pelos governantes tem sido a precipitação em colocar projetos no
mercado antes de estarem suficientemente definidos. Além do mais, faltam os
marcos regulatórios de várias áreas, tal como é o da mineração, cujo projeto
regulamentar está empacado no Congresso. Por fim, faltam financiamentos
privados. Hoje os financiamentos são muito dependentes de recursos públicos
advindos do BNDES.
Comentários
Postar um comentário