17/05/2013 - DILEMAS DOS JUROS


A ortodoxia econômica é atuar no curto prazo, para balizar no longo prazo, o progresso da sociedade, mediante crescimento econômico maior do que a taxa de crescimento da população e inflação de baixa a moderada. Portanto, a equipe gestora trabalha com as políticas monetária, cambial e fiscal. A heterodoxia trabalha com a ortodoxia, mas propõe o governo intervindo diretamente na economia, alterando a oferta e a procura. Até 1994, o Brasil se comportou de forma heterodoxa. A partir do Plano Real, em 1994, as equipes econômicas que se sucederam foram ortodoxas. Fixaram um tripé, no qual, em primeiro lugar, a inflação não deveria mais desorganizar a economia, mediante metas de inflação. O modelo vem dando certo, com pequenos desvios. Em segundo lugar, superávit fiscal, visando pagar pelo menos os juros da dívida pública, em dia, para gerar confiança dos credores. Em terceiro lugar, câmbio flutuante, que tem bastante contribuído para que a inflação não se acelere pelos efeitos externos, que tem peso de 30% no índice inflacionário. Durante os mandatos de FHC os resultados foram de estabilidade econômica, mas com baixo crescimento econômico, em média anual de 2,3%. Durante os mandatos de FHC, os resultados foram melhores, com bom crescimento econômico, por volta de 4% anuais, em média. O governo Dilma, que já passou do meio, teve no primeiro ano, incremento de 2,7% e elevação de 0,9%, média de 1,8%, além de para este ano esperar taxa menor do que 3%, embora projetasse sempre acima de 3% anuais.

Os juros básicos da economia (taxa SELIC), nos mandatos de FHC foram excessivamente altos, mediante baixos incrementos anuais do PIB, embora superior à taxa de crescimento da população. A SELIC começou a cair lentamente nos mandatos de Lula, quando foi bastante reduzido o desemprego, usando a capacidade ociosa, obtendo boas taxas de incremento anuais do PIB. O governo da presidente Dilma reduziu rapidamente a taxa SELIC, para o menor patamar da história. Contrariamente ao que vinha sendo feito o PIB recuou bastante, a inflação ultrapassou o centro da meta (4,5%) mais o viés (2%), próxima de 6% ao ano. Hoje, a SELIC está em 7,5%, acreditando o mercado financeiro que deve chegar a 10%, para voltar à inflação baixa e retomar o melhor nível de crescimento. Como a economia recuou bastante, o superávit primário caiu de 3,1% para 2%, o que gerou maior instabilidade. Já o câmbio flutuante se estacionou por volta de R$2,00, mais parecendo fixo do que flutuante. O fato é que, o modelo de crescer via incentivos ao consumo, ao crédito e a certos segmentos não vem obtendo bons resultados e o governo vai ter que melhorar o seu desempenho com a taxa básica de juros da economia.

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