16/05/2013 - GOVERNO LIBERAL
Os partidários da base aliada dizem que o governo é pós-liberal, para justificar que continuou com as práticas semelhantes de cooptação política e o mesmo modelo ortodoxo de conduzir a economia. Depois de um período aparente de moralização, dois anos se passaram, assim como neste ano a presidente resolveu lançar-se à reeleição, os afastados por ela foram chamados à reaproximação. Para isso, na União, Estados e Municípios, a chamada base aliada tem crescido, ao ponto de trazer para o próprio governo a oposição tradicional. O exemplo mais forte é a colocação de Guilherme Afif Domingos no 39º ministério criado, o da Micro e Pequena Empresa. Domingos aprendeu rápido. Há três anos, o novo ministro dizia que Dilma não tinha biografia para presidir o País. Agora apareceu em todos os jornais e revistas, beijando a mão da presidente. Assim, um jogo de interesses privados, em detrimento do interesse coletivo, produziu mais um daqueles absurdos que acontecem no Brasil: Domingos é, ao mesmo tempo, vice-governador de oposição e ministro governista e ele não abre mão de ambos os cargos.
A trajetória de um liberal no governo petista se reporta ao seu apoio à ditadura militar (1964-1985). Ao lado dos militares, em 1981 se filia ao Partido Democrático Social (PDS). Em 1985, abandonou a legenda para fundar o Partido Liberal (PL). Em 1986, elege-se deputado federal constituinte pelo PL. Inimigo do PT, enfrentando Lula, nas eleições, com 20 candidatos, em 1989. Saiu do PL em 1990, ingressando no Partido da Frente Liberal (PFL), atual Partido dos Democratas (DEM). De 2007 até o início de 2010, ocupou a secretaria de Emprego do Estado de São Paulo na gestão de José Serra (PSDB). Em abril de 2011, saiu do DEM para fundar o Partido da Social Democracia (PSD). Em maio de 2013, assumiu o referido ministério. Quer dizer, pulou em cinco partidos formalmente e agora pula no sexto informalmente.
Enquanto isso, o governo federal já admite que o País poderá crescer menos de 3% neste ano. O capitalismo todo está redefinindo seu potencial produtivo. A demanda da China por matérias primas diminuiu e ela está se voltando mais para o seu mercado interno. Os Estados Unidos pretende retornar aos mercados perdidos com uma força de antes. Já o Brasil não redefine seu potencial produtivo, continua com o mesmo modelo de dez anos atrás, que já se esgotou e terá de enfrentar uma inflação que recrudesceu. Dessa forma, o modelo então instalado há mais de dez anos é liberal para os apoiadores da base aliada. A economia continuará desgovernada ou mal governada como está.
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