15/05/2013 - SOFISMA ECONÔMICO


Sem ter como se justificar pelo mau desempenho da economia brasileira, a presidente, que é economista, bem como a equipe econômica, diante de suas perspectivas fracassadas de incremento do PIB, dizem que o mais importante que tudo é a criação de empregos, conforme registram as estatísticas do IBGE, a menor taxa anualizada da história acompanhada por ele, de 5,7%. Declarou recentemente o ministro da Fazenda, Guido Mantega: “a geração de empregos formais no País é tão ou mais importante do que o PIB”, citado pelo Alexandre Schwartsman, em sua coluna de hoje, na Folha de São Paulo. Intitulado “O ministro e as passas”, ironizando o autor ao ministro da Fazenda, referindo-se com “a imagem de uma raposa desprezando um suculento cacho de uvas”, parodiando a fábula clássica de La Fontaine, para dizer que ele está colhendo as passas. O autor enfatiza que a criação de empregos é importante, porém, os empregos que estão sendo criados são na área de serviços, não tanto reprodutivos como são os empregos na indústria, capazes de gerar muitos mais efeitos encadeados, inclusive, gerando maior valor agregado. Dessa forma, ele afirma que “tentativas de manter o desemprego reduzido à custa de inflação alta produzem apenas mais inflação sem ganhos persistentes de emprego”, haja vista que acredita que a economia está em pleno emprego. Um exagero, mas não está tão distante como no passado. Para a corrente de Alexandre, neoclássica, o governo comete o equivoco de estimular seletivamente a demanda global, quando o problema está na oferta agregada, de mais mão de obra qualificada, visto que o crescimento dos oito anos da era Lula esgotou a disponibilidade desse tipo de trabalho, de mais tecnologia, mais produtividade, dos níveis reduzidos de investimentos, tanto públicos como privados. A análise de curto prazo é correta. Porém, peca com o longo prazo, pela ausência de estratégias.

O fato concreto é que a indústria brasileira, bem como a indústria internacional, vem tendo forte concorrência asiática, principalmente chinesa. Desde 2008 que a produção industrial brasileira está estagnada, tendo recuado bastante em termos de participação no PIB. A questão industrial tende a agravar-se, visto que a indústria americana está em processo de recuperação. Renovada vem para competir mais forte com a indústria chinesa, o que implicará em retração ainda maior da indústria nacional que está se desindustrializando, pouco a pouco, assim como a indústria de exportação sofre com um câmbio valorizado. Novamente, o busilis da questão está no retorno do planejamento estratégico de que tanto se fala aqui.

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