27/03/2016 - BRASIL VOLTA A CONCENTRAR RENDA
Irrefutável o indicador de
concentração de renda, que é aumento vertiginoso do desemprego. Agora, em fevereiro,
o Brasil volta a reconcentrar renda, dado o rápido crescimento do desemprego. Em
menos de dois anos, divulgado pelo IBGE, para as seis regiões metropolitanas
brasileiras, a taxa de desocupados saltou de 4,6% em dezembro de 2013, para
8,2% em fevereiro, mostrando também que, desde 2007, a taxa de desemprego
aberto superou os 20% para os jovens no País, na faixa de 18 a 24 anos,
indicando que o Brasil voltou a concentrar renda, após uma década de desconcentração.
Na pesquisa tradicional do IBGE, a PNAD-Contínua, abrangendo 3.500 municípios,
o desemprego aberto ainda é maior, aproximando-se de 10% da população
economicamente ativa.
No ano passado, o IBGE
contabilizou 11,2% de perda na massa do rendimento real. Isto tem se refletido
principalmente no recuo do consumo no varejo. A pressão continua com o
aprofundamento da recessão, visto que, desde 1992, não havia sido registrado
uma queda do rendimento médio nacional com crescimento da concentração de renda,
consoante aconteceu em 2015. O resultado está marcando o fim dos ganhos
econômicos dos rendimentos, após advento do Plano Real, em 1994. Nas crises de
1999 e de 2003, como exemplos, embora a renda média tenha caído, não fora
acompanhado de mais concentração de renda, conforme observa cuidadosamente
Marcelo Nery, diretor da FGV-Social. Para ele, a grande “virada” negativa
ocorreu no último trimestre de 2015, combinando desemprego, inflação, queda nos
rendimentos e crise fiscal, que se acentuaram e continuam a se acentuar.
Marcelo Nery ainda afirma que “é um fenômeno novo, que estava latente, mas
aparece de forma explosiva, subtraindo trabalho, que tem sido a base do
progresso brasileiro, sugerindo nova direção para o futuro”. O pesquisador em
referência calculou um índice de bem estar da Nação de – 3,75% em 2015, que
praticamente em nada difere do recuo do PIB calculado pelo IBGE.
Marcelo Nery é também ex-ministro
chefe da Secretaria de Programas Especiais da Presidência da República, anexada
à Secretaria Geral do Governo. Referido órgão foi criado pelo ex-presidente
Lula, ouvindo Roberto Mangabeira Unger, professor de Harvard, brasileiro de
nascimento, que defendia projetos especiais para o Brasil, relativos à seca do
Nordeste, às questões de fronteiras brasileiras, à defesa da Amazônia, projetos
que não se concretizaram. Aliás, tipos de tais projetos ficaram por décadas no
imaginário brasileiro, tais como também a Transposição de Águas do Rio São
Francisco, que perde água e como vai transpor se não lhe sobra ou nunca
sobrou?), o Trem Bala, unindo Campinas/São Paulo/Rio de Janeiro, projeto
pensado pelo menos desde o governo Geisel (1974-1979), um sistema de
transportes modal que ligue o Brasil do oceano Atlântico ao Pacífico, a ponte
Salvador-Itaparica, a ferrovia do Aço, idealizado nos anos de 1970 e
abandonada, a rodovia Transamazônia, hoje com pequenos trechos e também
abandonada, o uso de energia nuclear para fins pacíficos, além de vários outros
projetos de obras públicas.
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