20/03/2016 - DESASTRE DA RECEITA
Seja governo, empresa ou pessoa
física, se reduzirem as receitas, também se reduzirão as despesas e, o que é
pior, a capacidade de investimentos, que são fundamentais para o crescimento
econômico. Em política econômica, o que se procura acentuadamente é crescer as
receitas, para principalmente realizar os investimentos multiplicadores em
infraestrutura, os quais implicam em efeito multiplicador de investimentos
privados, isto já ensinou Keynes.
Acima, “Desastre da receita”, é o
título do editorial de ontem da FSP. Apresenta-se a arrecadação de tributos
federais, que vem caindo cada vez mais. Não coloca a FSP o motivo, qual seja a
falta de confiança e de investimentos privados correspondentes, os quais estão
tornando severa a recessão brasileira. Sem considerar a questão política, uma
questão de pólvora, a questão econômica leva o País à beira do abismo, nunca se
registrando tantos indicadores ruins. O que é pior, o desastre da queda da
receita do governo tem a velocidade maior do que os recuos da atividade
econômica. Como manter a máquina pública? O governo federal insiste em manter a
estrutura burocrática, mas o principal item de despesa, o reajuste dos salários
está comprometido, tanto para professores federais, que será de somente 5%, em
agosto, como para os demais servidores públicos. Nos Estados, como na Bahia, o
governador baiano reconhece que está no limite dos gastos, conforme a lei de
responsabilidade fiscal, não devendo elevar salários neste ano. A polícia
militar do Estado ameaça greve geral, a partir do dia 19 do mês que vem. Em um
Estado que é campeão dos assassinatos na Capital, mesmo sendo a terceira maior
cidade brasileira, o medo da população se torna imenso.
Segundo a FSP, “A arrecadação
baixava ao ritmo de 2,5% ao ano em janeiro de 2015, quando começava o segundo
mandato da presidente Dilma Rousseff. A presidente fazia promessa de
austeridade nos gastos, desmentindo o que dissera em campanha, para choque dos
seus eleitores. Em fevereiro deste ano, a perda de receita chegou a 11,5%, em
comparação com o mesmo mês de 2015, ou 6,6% no acumulado de 12 meses (todos os
indicadores são apresentados em termos reais, já descontada a inflação). Esse
imenso talho na arrecadação de impostos, contribuições e pagamentos à Previdência,
representa cerca de R$90 bilhões. Para se ter uma ideia, o montante equivale a
quase duas vezes toda a despesa federal em investimentos. Em outra comparação,
representa mais de três vezes o orçamento anual do Programa Bolsa Família”.
Ademais, em janeiro e fevereiro deste ano, a queda da arrecadação acumulada
chega a 8,7%, em relação ao mesmo período do ano passado. A frustrada
arrecadação se explica pela queda nas vendas, na redução da atividade nas
indústrias e na retração da economia em geral.
A teoria econômica comprova que o
orçamento equilibrado depende das receitas. Isto é, o gasto público é função da
receita. Se a receita cai assustadoramente, os gastos também acompanham. O
problema todo se refere aos investimentos públicos, que são tão fundamentais
para incentivar os investimentos privados. Sem ampliá-los, não se tem a volta
do crescimento econômico.
Comentários
Postar um comentário