22/03/2016 - RISCOS DE CONFLITOS SOCIAIS AUMENTARAM NO BRASIL
Em artigo de Érica Fraga, para a
FSP de ontem, fica-se sabendo que pesquisa inédita de Christa Brumschweiler de
universidade do Reino Unido e Paivi Lujala de universidade da Noruega defende a
tese de que o atraso econômico relativo aumenta a probabilidade de
manifestações violentas e pacíficas. Em outras palavras, o retrocesso na renda
per capita de um país, considerando como modelo os Estados Unidos, eleva a
chance de conflito social. A comparação é feita entre países escolhidos e os
Estados Unidos, devido a este ser um país de renda alta, uma das mais altas,
mas não das maiores do mundo, que fica a cargo de países escandinavos, tais
como Noruega, Dinamarca. Porém, países pequenos em população e território. O
trabalho foi apresentado ontem na conferência anual da Royal Economics Society,
no Reino Unido, usando a renda per capita como medida diferencial do atraso
econômico. A comparação é muito usada na literatura como indicador do
desenvolvimento de países. Foram examinados indicadores de 163 nações,
compreendendo o período de 1946 a 2011.
Os resultados revelaram ainda que
o impacto do atraso econômico sobre o risco de erupção de protestos violentos e
pacíficos tem aumentado nas últimas décadas. Assim, elas concluíram que a
globalização tem permitido a percepção das melhorias em grande número de países
que se distanciam entre si e dão a dimensão dos rumos a serem alcançados.
Durante todo o período analisado,
segundo as autoras, o atraso brasileiro foi maior do que a média dos países
latino-americanos. Por conclusão, o risco de tensão no Brasil tem sido maior do
que na maioria dos seus congêneres do hemisfério. Na hipótese de a renda per
capita brasileira ser igual à americana, o risco de conflitos de massa não
violentos diminuiria 6%. Elas afirmam que o número é significativo visto que
são raros os conflitos pacíficos.
Conforme observaram, no fim da
década de 1970 havia uma convergência brasileira para o padrão de vida dos
países desenvolvidos. A renda per capita, medida pela paridade do poder de
compra, atingiu 38% da americana em 1980. O número não se sustentou e, em 2015,
caiu para 28%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI, aqui, elas estão
citando pesquisa do órgão), o qual afirma que o percentual ficará estacionado
até 2020. Escolhendo a Coreia do Sul, como exemplo, as autoras mostraram que a
referida renda correspondia a 17% da americana. Já, em 2015, estava em 67%
dela. O fator que mostra o diferencial entre o Brasil e a Coreia do Sul,
segundo elas, deve-se principalmente à corrupção, que bloqueia acesso a
melhores recursos e frustra a população do país, além de não elevar a renda
média. A resposta se dá na erupção de conflitos. Na verdade, a corrupção é
fator de atraso, de ineficiência, de incompetência, de baixa produtividade.
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