24/03/2016 - PACOTE PARA AMPLIAR A RECESSÃO
Durante 2015, o Ministro da
Fazenda, Joaquim Levy, um estranho no ninho do governo petista, tentou um
ajuste fiscal, para que não houvesse o segundo déficit primário consecutivo,
depois de 18 anos de superávits. Mas, fracassou e o governo reconheceu um
déficit primário de mais de R$100 bilhões, em 2015, depois de em 2014 ter tido
um buraco de R$32 bilhões. Substituído por Nelson Barbosa, este demorou cerca
de três meses para enviar ao Congresso um pacote de quatro medidas que irão
ampliar a recessão, citadas abaixo, já que se refere a gastos, que irão levar
ao terceiro déficit primário consecutivo, estimado pelo ministro Barbosa em
R$96,6 bilhões. O número do rombo pode ser ainda pior porque o governo conta
com a recriação da CPMF. Assim, pela terceira vez seguida o governo abandonou o
compromisso de arrocho nos gastos e oficializou a possibilidade de fechar este
ano com um déficit primário citado de 1,5% do PIB. Realmente, a economia brasileira
está indo para trás, até mesmo a reforma da Previdência, para elevar a idade
mínima de aposentadoria, foi postergada para o final do ano, porque o PT está
contra e a presidente não quer contrariá-lo mais.
Primeira medida. Renegociação da
dívida com os Estados e Municípios. Governadores e prefeitos poderão alongar a
dívida com a União de 2027 para 2047, além das dívidas com o BNDES em até dez
anos. Os Estados mais endividados poderão, ainda, pedir um desconto de 40% no
valor das parcelas, limitado a R$160 milhões por mês, por até 24 meses. Em
troca, os Estados terão de adotar medidas de ajuste fiscal, sendo impedidos de
conceder incentivos fiscais e de nomear servidores. Ora, aqui se vê claramente
que o custo federal irá subir.
Segunda medida. Desbloqueio de
recursos de despesas essenciais. O governo poderá excluir despesas consideradas
essenciais do contingenciamento (bloqueio de verbas) do orçamento federal, no
caso da economia crescer menos de 1% anuais. Entre as despesas que ficariam
preservadas dos cortes orçamentários estão investimentos prioritários e em fase
final de execução. Não poderiam ser reduzidos, também, os gastos essenciais
para a prestação de serviços públicos (saúde, educação, água, luz e segurança).
Desbloquear é gastar mais.
Terceira medida. Depósito remunerado.
O Banco Central (BC) poderá usar a medida de depósitos remunerados para enxugar
o excesso de moeda na economia. A ideia é de estimular os bancos a depositar no
BC os depósitos livres. Mais gastos. Amanhã se comentará mais sobre este ponto
um tanto obscuro, mas que ficará claro.
Quarta medida. Limite de gastos.
Estabelecer um teto de gastos incorporados ao Plano Plurianual, com medidas de
redução de despesas automaticamente, acionadas para o ano seguinte, caso o
limite seja estourado. O ajuste será implementado em três estágios, conforme a
magnitude do excesso de gasto. No último caso, aumentos reais do salário mínimo
ficam proibidos, além de serem desligados servidores concursados por meio de
programa de demissão voluntária. Pelo menos nos próximos dois anos não haverá
ganho real do salário mínimo, visto que a economia está em severa recessão.
Demissão voluntária? Quem irá deixar o osso? O que se vê é uma legião de
pessoas querendo entrar no governo, atraída pelos salários que são mais altos
do que a média dos salários privados, além da estabilidade.
O fato é que a piora da receita
decorre da recessão, que se acentua, conforme o próprio governo que já calcula
– 3,05%, enquanto o mercado financeiro, consultado semanalmente pelo BC, já
estima em – 3,6%. No mesmo período do ano passado as previsões não estavam tão
ruins. Em face do superávit previsto para 2016 de R$30,5 bilhões, para
abatimento da dívida pública, o governo já reconhece que se terá provavelmente
o terceiro ano de déficit primário, conforme referido acima de R$96,6 bilhões.
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