02/03/2016 - EXPORTAÇÕES EM ALTA, IMPORTAÇÕES EM QUEDA



A prática geralmente comprova a teoria. Por isso mesmo, ela se firma como guia de política econômica. Assim, uma desvalorização de 50% da moeda brasileira em 2015 surtiu efeito. As exportações em fevereiro de 2015, na primeira comparação anual desde agosto de 2014, elevaram-se em 4,6%, em relação a fevereiro de 2014. Por outro lado às importações mantiveram na tendência de queda, imposta pela recessão, caindo 35% no mesmo período. A primeira alta em 18 meses, em comparativo anual, trouxe superávit anual de US$3 bilhões. No bimestre alcança US4 bilhões. Por seu turno, o Ministério do Desenvolvimento calcula um superávit comercial deste exercício de US$35 bilhões. Mesmo assim, as exportações atuais continuam abaixo dos níveis verificados entre 2011 a 2014. Pelo exposto, o superávit deve-se muito mais à queda das importações, em razão do baixo nível de atividade econômica. A melhora em fevereiro se deve principalmente às exportações de produtos industrializados. Por que o Brasil não se recupera na produção de manufaturados, que se tem batido em retirada há muitos anos? Sem dúvida é porque a produtividade na área não tem crescido, enquanto os principais competidores fazem grandes progressos, a exemplo de Taiwan, Coréia do Sul, Índia e China. Lá, são grandes os estímulos para a inovação, que se traduz no progresso da ciência. Conforme Joseph Alois Schumpeter, o caminho do desenvolvimento é investir na inovação.

Já melhorou o quadro externo, mas o quadro interno continua piorando. Ficaram públicas as divergências do PT com a presidente Dilma, no pouco que ela quer fazer, tal qual seja a elevação da idade mínima para aposentadoria e a fixação de tetos nos gastos públicos, que poderia até não continuar com a política de recuperação do salário mínimo. Citado partido fala abertamente na volta de companheiros que trabalharam com Lula e já acendem a luz de que querem a sua volta em 2018. Por seu turno, a influência do crescimento espantoso da dívida pública continua fragilizando a contabilidade nacional. O descrédito também é crescente. A inadimplência faz os bancos recuarem na concessão de crédito. As investigações da operação Lava-Jato esquentam ainda mais o quadro recessivo. Por sua vez, os Estados e Municípios, muitos quebrados, propõem novas renegociações de suas dívidas.

A “nova política econômica” ensaiada no 36º aniversário do PT não é nada de excepcional. Porém, tem como base estabelecer um superávit primário de 3%, como foi à média dos oito anos da gestão de Lula. Ademais, procurar reformas criativas, à semelhança do crédito consignado, a reabilitação do crédito imobiliário, a nova lei de falências e a reforma previdenciária. Nada muito diferente, mas sim austeridade no gasto público, o que não tem acontecido, pelo menos, nestes três últimos anos.

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