21/03/2016 - SE AS RECEITAS SE REDUZEM O QUE SE PODE CORTAR
O caminho correto é fazer as
receitas crescerem, sem admitir-se que não há “nada a fazer” perante o quadro
recessivo atual, a não ser cortar despesas. No quadro recente, se as receitas
da arrecadação têm sido reduzidas mais rapidamente do que o nível de atividade
econômica, o que se precisa cortar para reduzir as despesas públicas? Esta aí o
grande desafio da equipe econômica, que, no ano passado, fez aquém do
necessário pelo ajuste fiscal e o País incorreu em segundo déficit primário
consecutivo. O Ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, defende um conjunto de
tetos de despesas públicas e a estipulação de uma idade mínima para
aposentadoria, além de mais receitas de impostos. O consultor informal do
governo, Antônio Delfim Netto, sugeriu reformas da previdência e tributária. O
economista Samuel Pessôa, da Fundação Getúlio Vargas, de forma ortodoxa, citou
uma série de subsídios que poderiam de ser cortados, em seu artigo de ontem na
FSP. A saber: (1) receitas do sistema S, que são contribuições para o SESC,
SENAI, SEBRAE, dentre outros S; (2) contribuição sindical; (3) aposentadorias e
pensões integrais dos servidores públicos; (4) liberalidade da legislação com
as greves dos servidores, pagando-se os dias parados; (5) regimes tributários
especiais, inclusive Simples e tributação pelo lucro presumido; (6) créditos
direcionados com elevados subsídios públicos; (7) universidade pública gratuita
para filhos de ricos; (8) Programa Bolsa Família; (9) aposentadoria aos 54
anos, em termos de idade média; (10) regra de valorização do salário mínimo. Assim,
ele elencou dez pontos de apertos nos gastos públicos. No ritmo de “quanto pior,
melhor”, poderia ser acrescentado à lista dele: (11) Minha Casa, Minha Vida;
(12) benefícios de aposentadoria do sistema privado; (13) créditos subsidiados
pelos sistemas BNDES, BB, CEF, BNB e repasses aos bancos privados; (14) preços públicos
subsidiados para baixa renda; (15) Programa Minha Casa Melhor, suspenso em
2015, que gerou prejuízos, pela falta de pagamento de R$534 milhões, sem contar
com o que irá vencer; (16) “fim” da corrupção com seguro de obrigatoriedade na
execução no prazo pactuado das obras públicas; (17) extinção de ministérios com
cortes de pessoal, e não, a aglutinação de 39 em 31 ministérios atuais, sem praticamente
promover nenhuma reengenharia. Convém lembrar que Collor demitiu 500 mil, em
uma tacada só, em 1990. Enfim, estão acima os caminhos de cortes de despesas, de
redução do Estado, sem a relevância do critério social.
Não seria então desejável o todo acima
explicitado. Logo, é preciso mesmo fazer as reformas estruturais. Trabalhista,
sindical, tributária e de marcos regulatórios, principalmente aqueles
referentes às parcerias público-privadas. Ademais, uma série de reformas
microeconômicas, visando redução da burocracia e melhoria do ambiente geral dos
negócios. Enfim, urge um pacto para restabelecer a confiança dos investidores,
políticas de geração de emprego (e não o seu contrário como está acontecendo), elevação
de crédito adequado, de longo prazo e a consequente restauração da confiança
dos consumidores.
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