09/03/2016 - ADIAR A REFORMA DA PREVIDÊNCIA É OUTRA TRAPALHADA
A presidente Dilma Rousseff disse
a interlocutores que, no clima de obstrução da pauta no Congresso Nacional,
está pensando em adiar a reforma da previdência, que seria de elevar a idade de
aposentadoria, até mesmo para atender reivindicações de parcela de membros do
PT. Com isto, ampliará ainda mais o déficit previdenciário e o déficit global
do governo. No mesmo caminho poderia também deixar de estabelecer os tetos dos
gastos públicos, que limitaria os reajustes do salário mínimo, coisas que estão
contra o PT e a CUT. Na campanha de 2010, ela também era contra a recriação da
CPMF. Quanto a isto, tornou-se a favor, sendo ainda o que lhe resta de recursos
para o ajuste fiscal. Na contramão, participantes da equipe econômica estão
sugerindo que ela envie ao Congresso novo pedido de meta de déficit primário
deste ano para 2%, contra restando com 1% de 2015, alegando que as receitas se
contraíram muito, por conta da recessão, já em dois anos, e que será ainda maior.
Não vislumbram nenhuma agenda voltada para a elevação da produtividade. Entretanto,
há três notícias proativas recentes, sendo a de que o governo reduzirá custos obrigatórios,
para firmar parcerias público-privada relativas à infraestrutura, a de que a
cotação do minério de ferro disparou e a que de o barril do petróleo
ultrapassou US$40.00, recuperações que interessam muito aos carros chefes da
bolsa de valores, Petrobras e Vale, duas das maiores empresas brasileiras.
Porém, elas em si não constituem uma agenda de governo.
As demandas da economia urgentes
são as de gestão do orçamento público, de forma a ter superávit primário e uma
reforma monetária. Relembrando, foi assim que começou o governo de Lula,
mantendo a política econômica proativa do governo FHC, de superávit primário
elevado e saneamento financeiro. Em seguida, a gestão de Lula criou o crédito
consignado, reduzindo juros do sistema bancário oficial, expandindo
financiamento, que ampliaram o consumo das famílias. Reforçou a legislação da
alienação fiduciária, expandindo para automóveis e aperfeiçoando para imóveis.
Contou com as benesses do boom das commodities. Criou um clima de otimismo no
País. Porém, a partir de 2008, no combate à recessão se tornou mais intervencionista,
estabelecendo regras para a exploração do petróleo na camada do pré-sal e na realização
de parcerias público-privadas. Em 2010, esgotaram-se as condições de continuar
crescendo com ênfase no consumo. Seria a hora de promover as reformas
estruturais. Porém, a presidente Dilma, no seu primeiro mandato, procurou só seguir
o presidente Lula, no que concerne à expansão do consumo, cujos limites de
endividamento das famílias já estavam bastante elevados. Em seguida, exacerbou
suas intervenções na economia, elegendo empresas “campeãs nacionais”, para
receber créditos do BNDES, cujo caixa foi reforçado pelo Tesouro, via forte
endividamento. A maioria dos empresários se sentiu discriminada. Baixou os
juros, em período de um ano, de 11,25% para 7,25%, o que trouxe de volta altas
taxas de inflação e teve de voltar atrás com os juros até hoje, já praticando
juros básicos de 14,25%. Reduzindo em 20% as contas de luz, quando verificou o
erro, voltou atrás e as elevou em mais de 50%. Aumentando os gastos públicos
acima do crescimento do PIB, criando também mais um ministério (de 38 para 39),
vindo a obter déficit primário, a partir de 2014. Prometeu reduzir o número de
ministérios, mas somente fez a fusão deles, de 39 para 31. O gasto público não
caiu de forma significativa. Basta ver que, o PIB recuou 3,8% em 2015 e o dispêndio público
em somente 1%. Dessa maneira, houve deterioração das contas públicas e até hoje
a situação só tem piorado e ela não tem encontrado uma forma de sair do embrulho
em que se enrolou.
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