13/03/2016 - ESTRAGOS DESTA DÉCADA PERDIDA


 

Nos anos de 1980, estragos acumulados nas recessões de 1981 e 1983, em muito contribuíram para que a década fosse considerada perdida, em termos de renda per capita. Isto é, a renda de 1980 somente foi recuperada em 1988. A história agora é semelhante, o que muda é que a crise se deu no meio desta década e não no início daquela década. Dessa forma, o que mais interessa saber é que a renda per capita do ano 2010 era de US$11,100.00. Devido recessão no triênio 2014-2016 (estimativa que é feita para quase todos aqueles meses), a projeção é de que o PIB per capita de 2016 seja de US$7,500.00, uma perda avaliada em 32%. Esta estimativa é do Banco Santander, para um dólar mais atual. A projeção do dia 3 deste mês, do IBGE, foi de uma renda per capita de US$8,634.00, de um dólar do início de 2015. A profundidade do referido ciclo recessivo, a pior que as estatísticas nacionais registram, de mais de um século, não está vindo com os dramas passados nas crises do século XX. Pelo menos, até agora, esperando-se que não se aprofunde, até eliminar a proteção social desde o Plano Real, de 1994, além da evolução das próprias instituições. O Clima é ruim, mas não é de terror. Não se vive uma hiperinflação e a dívida externa não assusta, o que agora assusta é a dívida interna, que não está sujeita a ataques especulativos. Porém, a retomada será lenta, sendo provável que se demorará em chegar ao nível pré-recessão. O PIB deverá voltar ao seu nível de 2011 apenas em 2021. A projeção é de mais uma década perdida. O pior, justamente quando o Brasil vive o bônus demográfico, em que a maioria da sua população mais apta ao trabalho (18 a 65 anos) acontecerá até 2030, oportunidade única, já que o bônus citado não se repetiu para nenhum país. Ainda haverá uma década para aproveitar.

Ao tempo em que a renda per capita vem recuando o custo da dívida pública veio se elevando. Por exemplo, em 2010, era 52% do PIB. Em 2015, alcançou 66% do PIB. Há projeções de que, depois da recessão, poderá haver pequeno crescimento econômico, ficando tal encargo em 80% do PIB. Ora, se, tecnicamente, em análise de projetos, não se deve comprometer mais de 60% do PIB ou da capacidade de pagamento, senão o projeto fica inviável, o quadro já é este.

Dentre outros prejuízos, a operação Lava-Jato já reduziu 20% do esquema operativo das empresas por volta da Petrobras. Por outro lado, foram muitos bilhões de dinheiro público para estaleiros, que agora, sem ele, estão falidos. Milhares de trabalhadores treinados perderam empregos. No Ceará e no maranhão houve muito dinheiro gasto de refinarias que não saíram do papel. Enfim, centenas de obras do PAC tem conclusão duvidosa, principalmente projetos faraônicos como a Transposição de Águas do Rio São Francisco, um rio que já padece pela falta de águas, imagine-se se forem retiradas ainda mais?

Enquanto Joseph Alois Schumpeter criou o conceito de “destruição criativa”, quando um projeto que acaba, surge outro melhor. Aqui, no Brasil, não é regra, nem exceção, mas existem inúmeros projetos que são de “destruição destrutiva”. Isto é, são feitos e não se colhem resultados. Tampouco, apuram-se responsabilidades. Por quanto tempo as instituições permaneceram que isso aconteça? A luta brasileira é de também acabar com isto, associada à urgente melhoria do ambiente geral de negócios, que somente tem reclassificado País para baixo, conforme acompanhamento de muitos anos do Banco Mundial. Entre 189 países examinados, o Brasil está em 113º lugar em sua classificação.

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