17/03/2016 - UNIDOS AGORA NA GESTÃO FORMAL DILMA E LULA
O consenso da política econômica
mundial é de que ela deve sempre se equilibrar a política monetária, incluindo
a política cambial, ambas a cargo do Banco Central (BC), com a política fiscal,
a cargo do Ministério Fazenda (MF). A importante política econômica de planejar,
no Brasil, vinha sendo feita pelo DASP (1949), depois Ministério Extraordinário
(1956) e, depois, pelo Ministério de Planejamento (1964). O Planejamento se
tornou a atividade primordial de 1949 a 1979, data esta última em que se fez o
III PND, Terceiro Plano Nacional do Desenvolvimento. Foram oito planos de
desenvolvimento. SALTE, DE METAS, TRIENAL, PAEG, PED, I PND, II PND, III PND.
Desenvolviam-se no Planejamento as estratégias globais de longo prazo, fixando
metas conjuntas para o País como um todo e para os setores produtivos
interligados. O longo prazo, desde 1979, no Brasil, deixou de ser o enfoque
principal, passando, no dizer do presidente João Figueredo, de que o País seria
doravante governado por “pacotes”, acerca da política monetária e fiscal diárias
como as verdadeiramente essenciais, mediante metas. O citado órgão mudou de
nome para Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP) deixando de
planejar no longo prazo, exercendo o orçamento anual e da gestão do seu equilíbrio
diário. Coordenando o BC, que tem nível de ministério, o MF e o MP, no Brasil
se tem o Conselho Monetário Nacional (CMN). Em resumo, a política econômica
mundial, a qual a brasileira a acompanhou, passando a ser de sintetizada em um
tripé: (1) sistema de metas de inflação; (2) câmbio flutuante; (3) superávit
primário. Isto ficou muito claro, quando o Plano Real (1994) estabilizou a
economia, no primeiro mandato, mas não tinha um tripé definido, além do erro de
câmbio fixo. No seu segundo mandato, FHC, inspirado no que dava certo em muitos
países e continua dando, adotou o tripé citado, desde 1999. O ex-presidente
Lula continuou com o tripé de FHC, que vinha dando certo, até 2008, quando
deixou de ser ortodoxo, para intervir nas parcerias público-privadas, além de
passar a subsidiar uma série de “campeões nacionais” com empréstimos do BNDES,
bem como a indústria automobilística, a linha branca de eletrodomésticos e a
construção civil. Lula terminou a sua era com o tripé intacto, a saber,
superávit fiscal médio de 8 anos, por volta de 3% do PIB, câmbio flutuante
valorizado e inflação dentro da meta. A presidente Dilma assumiu em 2011,
continuando com a “nova matriz econômica” de 2008. Aprofundando-a, intervindo
veladamente no Banco Central, para baixar abruptamente a taxa de juros, além de
reduzir em 20% as contas de luz e congelar os preços dos combustíveis. Em 2014,
no final do seu primeiro mandato, colheu o primeiro déficit primário depois de
18 anos, rompendo a primeira base do tripé. Fato repetido em 2015 e muito
provável de acontecer em 2016. Em 2014, a inflação chegou ao teto da meta
(6,5%) de inflação. Mas, ao corrigir os preços administrados represados,
principalmente dos combustíveis e da energia elétrica, em 2015, a inflação
alcançou 10,7%. Em 2016, a inflação também estará acima do teto da meta. O
câmbio flutuante cadente em 2014 mudou em 2015, quando houve desvalorização
cambial de 50%. Em 2016 continua a prevista desvalorização de R$3,75 para R$4,30.
Em consequência dos erros de 2011 para cá, a contabilidade nacional se
desorganizou demais, trazendo forte recessão para o País há mais de dois anos,
além do Brasil ter perdido o selo de bom pagador das três maiores
certificadoras internacionais, mediante ainda promessas de rebaixamento da nota
brasileira. Portanto, referido tripé ficou destroçado. O governo de Dilma está
se afogando, mediante uma crise política que não a permite fazer uma gestão de
saída sozinha.
Dessa maneira, a solução que a
presidente Dilma encontrou foi a de trazer o ex-presidente Lula para o
Ministério da Casa Civil, o cargo mais importante, depois da presidente, na
esperança de que ele costure um pacto político e faça o País retornar ao
crescimento econômico. Só que o discurso atual de Lula é de um afrouxamento
monetário, fiscal e creditício, além de seguir ao PT, que não quer reforma na
previdência, mais reestabelecimento dos direitos trabalhistas anulados no ano
passado e intervencionismo estatal, com mais gastos ainda. Se fizer isto, será
um “abraço de afogados”. Se fizer, como fez em 2003, o contrário do que
apregoava, sendo ortodoxo, poderá haver crescimento. Porém o fundamental é
restaurar a confiança dos investidores e dos consumidores, que se encontram
extremamente recuados, aguardando reformas estruturais. A sorte está lançada.
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