10/03/2016 - PARCERIAS COM A CHINA
Na segunda quinzena de maio de
2015, o primeiro ministro da China, Li Kegiang, acompanhado de 200 empresários,
estiveram no Brasil, visando negociar US$53 bilhões em parcerias com empresas e
com o Estado, principalmente em ferrovias e em energia. Os mais discutidos na
ocasião foram seis projetos. (1) Ferrovia Transoceânica, ligando o Mato Grosso
do Sul ao Peru, a sonhada saída para o Pacífico, estimada em US$10 bilhões. (2)
Linha de transmissão de energia de Belo Monte, trecho de Minas Gerais para São
Paulo, orçada em US$1,5 bilhão. (3) Aquisição de 49% da EDP do Brasil, realizadora
de parques eólicos, inversões de US$900 milhões. (4) Construção da fábrica de
veículos da Chery, em Jacareí-SP, investimento de US$550 milhões. (5)
Construção da fábrica de autopeças também em Jacareí-SP, inversões de US$300
milhões. (6) Parceria da Sinopec (empresa chinesa) com a Petrobras, para
construção de refinaria no Maranhão, sendo o maior projeto deles, mas ainda não
orçada, além de outros investimentos em outros Estados. As notícias das
referidas parcerias vão a passos de cágado, segundo os chineses, por exigências
nacionais.
Nesta semana está na China o
governador da Bahia, negociando a operação do Porto Sul e a Ferrovia de
Integração Oeste-Leste (FIOL), em convênio com a empresa Bahia Mineração
(BAMIN) e o governo do Estado. Na esteira das operações os chineses pretendem
viabilizar a Ferrovia Bioceânica, a ser construída a partir da FIOL, formando
uma linha de trens entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Ela sairia de Ilhéus,
passaria pelos Estados do Mato Grosso, Rondônia e Acre, até chegar ao Peru. Na
verdade seria uma ampliação da Ferrovia Transoceânica acima referida. Pelo
visto, as negociações, embora de menor porte, poderão contar já com fontes de
financiamentos identificadas, que são o Fundo Chinês para Investimento na
América Latina e a Railway Engineering Group.
Sem dúvida, uma saída para
incrementar novos investimentos seriam as parcerias público-privadas. Mas, por
que elas demoram tanto e tão poucas foram contratadas, perante o cenário de
milhares de obras que o Brasil está precisando, para resolver os gargalos da
infraestrutura? A resposta é simples, valendo para chineses e outros países: o
governo federal exige participação majoritária e fixa taxas internas de
retorno, para determinar preços, as quais os parceiros nem sempre estão
concordando, ocorrendo pouca margem de negociação. Pelo menos, até agora. Há
indícios de que a equipe econômica estuda flexibilizar as regras para citadas
parcerias, até porque muito poucas foram realizadas, desde a aprovação da Lei
delas de meados da década passada. Enfim, desde 2003, perante o PT na direção
governamental, não houve nenhuma privatização. No ideário do partido está a
criação de estatais, o que bate de frente com os grandes capitalistas. Certa ala
do PT sempre foi até mais radical, quando propunha uma auditoria da dívida
pública e a revisão das privatizações feitas por FHC. Porém, ao fazer a Carta
aos Brasileiros, em 2002, o presidente Lula se comprometeu a respeitar
contratos, o que lhe garantiu a boa governabilidade.
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