31/12/2016 - DA GASTANÇA A PASSOS DE AUSTERIDADE
A teoria comprova que o governo sai na frente para realizar
investimentos infraestruturais, para, em seguida, a iniciativa privada realizar
investimentos produtivos. Por simplicidade, preparar o terreno e depois
plantar. No seu livro “Teoria Geral” da economia, Keynes se refere ao fato de
que o Estado realiza a multiplicação dos investimentos e as empresas a sua
aceleração. Nestes termos, a gestão de Lula, em oito anos, incrementou
inversões da infraestrutura, percebendo grande capacidade ociosa e espaços para
novos investimentos, tendo em vista o consumo e os créditos reprimidos. Obteve
êxito, mediante taxa média de incremento do PIB de 4% anuais. No seu período, o
Estado gastou proporcionalmente mais do que o incremento do PIB anual. A gestão
de Dilma foi à mesma linha, gastando acima dos níveis de Lula. Passou quatro
anos (2011-2014), realizando a contabilidade “criativa”, de colocar na conta
“restos a pagar” o déficit fiscal. Porém, em 2014, não houve jeito, sendo
reconhecido déficit primário, depois de 18 anos de superávit. A sua gastança
foi tamanha que ela editou decretos para gastar, sem autorização do Congresso.
Este foi o motivo do seu afastamento definitivo da presidência.
Provisoriamente, o vice-presidente, Michel Temer, tomou posse
em 12-05-2016, prometendo austeridade. Reduziu o número de ministérios, mas
ampliou o número de funcionários. Colocou como principal reforma a do teto dos
gastos para 20 anos, a partir de 2017. Em uma das suas propagandas, no dia 29,
intitulou “120 dias com coragem para fazer as reformas que o Brasil precisa”.
Na verdade, está a mais de 210 dias no poder e foi efetivado há muito mais de
120 dias. Relacionou quarenta medidas de política econômica tomadas. No geral,
no sentido positivo. Porém, a economia não reagiu ainda e o ano se afundou em
mais de – 3,5% (estimativa), em cima de – 3,8% sobre o PIB de 2015. A renda per
capita caiu mais, por volta de 10%. Em maio tinha 14% de popularidade. Em
dezembro, 10%. Ou seja, gerou confiança em maio, mas perdeu parte da confiança em
dezembro. Há muito mais a fazer. O sinal mais importante na economia é da baixa
da inflação, que convergiu de 10,7% para 6,4% (previsão oficial), teto da meta
de inflação, o que permitirá que se baixe a taxa básica de juros em reuniões do
Banco Central, as quais poderão estimular os investimentos. Será que começou a
escalada do fundo do poço para a superfície?
Comentários
Postar um comentário