30/12/2016 - CAMINHO TENEBROSO DE 2016
O caminho de 2016 foi tenebroso, mediante recessão e piora
das contas nacionais, animais que se alimentam mutuamente, deixando um saldo
negativo na economia brasileira. Sua síntese, déficit primário de R$166,7 bilhões,
mais uma estimativa de “restos a pagar” de R$166 bilhões. Sem dúvida,
coincidência dos números parecidos das estimativas, mas um assombro de R$372,7
bilhões de rombo. O déficit primário é o resultado negativo entre receitas e
despesas dos governos em um ano. Ou seja, a economia regrediu tanto, sendo
calculado pelas instituições financeiras, consultadas semanalmente pelo Banco
Central, em 2016, de – 3,5% do PIB, ante um também péssimo desempenho de – 3,8%
em 2015, perante a estagnação que adveio de 0,1% em 2014. Um triênio único na
história das estatísticas oficiais, iniciadas em 1901. Notícias ruins
proliferaram. Das últimas se observaram as quedas de vendas de fim de ano,
quando os shoppings centers fecharam muito mais do que abriram lojas, algo
inusitado; pela retração continuada de muitos meses da indústria, cujo tamanho
está em 10% do PIB (já fora 25% em 1985); pelo desemprego próximo de 12%, com perto
de 13 milhões de pessoas em desemprego aberto e mais de 10 milhões em emprego
disfarçado, vista a população economicamente ativa, cuja tendência é continuar
caindo por vários meses em 2017, segundo o IBGE. Das primeiras proliferações, tem-se
a situação de leniência com as despesas públicas, pelo menos desde 2009, que
continuaram subindo a taxas bem maiores do que as do PIB, fazendo disparar a
dívida pública da casa de 50%, para mais de 70% do PIB; destruição do
crescimento da arrecadação, passando a cair, sem recuperação, em cerca de três
anos, adiando a estabilidade da dívida, que ameaça chegar a casa de 90% do PIB.
O governo de Michel Temer tem buscado estancar a sangria e
passou sete meses para aprovar a lei do teto dos gastos. A reforma da
Previdência é um parto difícil, para também estancar o sangue do déficit
fiscal, para o qual é a maior contribuinte. O orçamento aprovado de 2017, já
trás em si um déficit primário projetado de R$139 bilhões. O mercado projeta
crescimento menor do que 1% no próximo ano. Logo, provável déficit em 2018.
Somente poderá haver superávit fiscal em 2019, se o PIB crescer por volta de 2%
em 2018. A saída é a elevação da arrecadação. Nova lei de repatriação está
sendo cogitada, para trazer mais R$50 bilhões. A securitização da dívida ativa
poderia se dar pela emissão de debêntures, por volta de R$150 bilhões, sem
repercussão no crescimento da dívida. A legalização dos jogos poderia trazer
mais recursos para a União. As parcerias público-privadas poderão gerar receitas
dos leilões. A arrecadação poderá voltar a subir também se a demanda das
famílias voltarem a crescer e os grandes empresários elevarem seus
investimentos, retirando o dinheiro que tem em caixa, colocando em inversões.
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