29/12/2016 - MAIORES EQUÍVOCOS DA SOLUÇÃO DA SECA DO NORDESTE
Anteontem, o presidente da República, Michel Temer, foi a
Alagoas, reunindo os governadores do Nordeste, para liberar quase R$800
milhões, em caráter emergencial e assistencialista, repetindo o que quase todos
os 36 presidentes da República fizeram.
Um paralelo entre erros seculares pode ser feito, por
exemplo, entre dois dos maiores problemas nacionais: a educação e a seca
nordestina. Para a educação o discurso sempre foi bonito, mas a efetividade um
fiasco. A educação precisa de reforma global. A reforma do ensino médio já é
alguma coisa. Ou, o que politicamente, é possível aprovar neste Congresso que
está aí, reprovado por 58% dos brasileiros, conforme recente pesquisa do
Datafolha. O número supera o da pesquisa do “mensalão”, em 2005 e, do escândalo
dos “anões do orçamento”, em 1993. Uma reforma para seca tem a mesma trava no
Congresso. O fenômeno da seca ocorre há 20 mil anos. Porém, começou a
agravar-se com o desmatamento, a partir de 1500. O registro estatístico mais
antigo é da seca de três anos, de 1877, matando centenas de milhares de
nordestinos, quando o imperador Pedro II falou que “venderia até a última joia
da coroa para resolver a seca do Nordeste”. Em 1970, em plena ditadura, o presidente
general Emílio Médici chorou, declarando “a economia vai bem, mas o povo vai
mal”, em capa da revista Veja, época de outra grande seca. Os políticos sempre
tiveram um discurso assistencialista. Doações de dinheiro, alimentos,
medicamentos, carros-pipa, cisternas, dentre outros. A seca é um fenômeno de
escassez de chuvas, alongado pelo histórico desmatamento. As construtoras
sempre acionaram os lobistas para o governo fazer a obra da transposição das
águas do rio São Francisco. Muito dinheiro correria e os políticos se
envolveram no projeto por décadas, de forma populista, conseguindo que o
governo Lula o encampasse, em obra que começou a dez anos, cuja inauguração foi
prorrogada mais de uma vez, já gastou mais de R$7 bilhões e talvez precise de
mais R$7 bilhões, sem que não se acredite que um dia seja inaugurada, haja
vista que o rio São Francisco já carece de muita água e sua sangria pelo
projeto seria um grande equívoco. Como retirar água der quem precisa?
Há pelo menos 32 anos que se sabe haver um lençol freático nos
Estados sujeitos ao fenômeno citado, detectado pelo projeto Radam, executado
pelo Ministério das Minas e Energia, sendo de 85 bilhões de metros cúbicos na
superfície e de outros 120 bilhões em rochas sedimentares, áreas que se podem
alcançar com relativa facilidade, principalmente reservatório hídrico
subterrâneo, que só no Piauí é maior do que o volume de águas da baia da
Guanabara. Por que não explorá-lo? Os políticos e lobistas nunca quiseram
porque não ganhariam tanto dinheiro como ganham com o assistencialismo ou o
projeto de transposição do Rio São Francisco. Mais outro grande equívoco.
Estaria aí a grande solução para seca nordestina?
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