09/12/2016 - CALAMIDADE FINANCEIRA
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) é de 2.000. A
presidência da República obriga-se a cumprir o orçamento anual, aprovado pelo
Congresso, além de não usar os bancos estatais como fontes de financiamento. A
ex-presidente Dilma burlou as duas coisas. Desobedeceu ao orçamento de 2014,
fazendo decretos de autorização de despesas não previstas naquela carta. Fez as
pedaladas fiscais, isto é, utilizou-se dos bancos públicos para fazer
financiamentos disfarçados. O Tribunal de Contas da União (TCU) rejeitou as
contas de 2014 de Dilma e parece que rejeitará também as de 2015. Pelo menos,
já acenaram com isto. Foi punida pelo Congresso, afastando-a do cargo, pela
desobediência fiscal. As pedaladas ficaram de fora do seu processo. A
ex-presidente deixou o País com déficits primários, mediante contas nacionais
de difíceis acertos. Tanto que até hoje estão no vermelho e o país na maior
recessão da história, sem que se vislumbre o seu equilíbrio no curto prazo. A
União está em busca de fixar um teto nos nos gastos, visando acabar com os
déficits primários.
A queda na arrecadação maior do que as taxas da recessão têm
sufocado Estados e municípios. Os Estados recorreram ao Supremo para não pagar
a dívida para com a União. Está aberta nova renegociação. A última foi em 1999.
Enquanto isso, os Estados se obrigam a pagar em dia os financiamentos da União,
conforme a LRF. Desde o início, em 2015, do governo de Ivo Sartori, no Rio
Grande do Sul, que ele decretou calamidade financeira e vem pagando parcelados
salários do funcionalismo. Neste início do ano, o Rio de Janeiro também
decretou calamidade financeira. Porém, no caso do Rio há um agravamento, pelos
grandes gastos da Olimpíada de 2016. Neste mês, veio decretar calamidade
pública o Estado de Minas Gerais. Todos os três estão parcelando salários e não
querem pagar a dívida, mediante essa desculpa calamitosa. O Ministério da
Fazenda tem respondido que a calamidade a que se refere a LRF é a física
(excesso de chuvas ou acidente grave) e não financeira. O fato é que os
gestores estão querendo colocar no colo da União o seu mau desempenho das
finanças públicas. No caso dos Estados os Tribunais de Contas (TCE) são
preenchidos por dois terços de políticos e um terço de técnicos, os quais não
reprovaram as contas deles.
Fica muito difícil o País retomar o crescimento sem
responsabilidade fiscal. A PEC 55, a ser aprovada no dia 13 próximo, forçará a
União a renegociar a dívida dos Estados também com uma limitação de teto de
gastos. É aguardar para ver.
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