22/12/2016 - AUMENTO NO DESALENTO




 Desemprego no Brasil é menor porque menos pessoas procuram emprego. Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) há um fenômeno não captado na pesquisa mensal do IBGE sobre amostra de domicílios de forma contínua (PNAD-Contínua), qual seja de que pessoas deixam de buscar emprego por não acreditarem que conseguirão a vaga, reduzindo a taxa de desemprego oficial. Assim o desemprego calculado pelo IPEA, incluindo a taxa de desalento atingiria 12,4%, no terceiro trimestre, ao invés de 11,8% registrados na PNAD-Contínua. Os pesquisadores do IPEA também revelaram que a taxa de participação, que indica o percentual de pessoas em idade de trabalhar, na verdade, a população que seria economicamente ativa ou que estão de fato no mercado de trabalho, caiu de 61,6%, no segundo trimestre, para 61,2%, no terceiro trimestre, traduzindo-se em aumento do desalento. Se a taxa de participação se tivesse mantido no mesmo nível de um ano atrás, de 61,4%, no terceiro trimestre de 2014, a taxa de desemprego seria de 12,4%. O levantamento já levava em conta que a taxa de desemprego vinha de certa maneira sendo contida por causa da migração de trabalhadores demitidos do setor privado para o trabalho por conta própria. Contudo, tais empreendedores individuais não estão migrando mais, ficando em situação de desalento.

Dessa maneira, o Boletim Focus, levantamento semanal do Banco Central reduziu pela nona semana a perspectiva de crescimento da economia, visto por 120 instituições financeiras, mediante PIB previsto para 2017 de elevação de 0,58%. Depois de um ano de estagnação (2014), dois anos de recessão consecutiva (2015-2016), esperava-se uma recuperação em 2017 mais forte, mas nem a própria equipe econômica crê nisso.

Os governos do PT fizeram escolhas erradas na fase de ciclo de alta de 2003 a 2010. A gestão de Dilma veio de baixo crescimento para a recessão (2011-2015). Já no segundo governo de Lula (2007-2010) a corrupção, que sempre existiu, destrambelhou-se, conforme apurações da Polícia Federal na operação Lava Jato. A saída da recessão não se deu em 2016, visto porque será preciso corrigir falhas cometidas de política econômica e de correções no processo de corrupção das obras públicas. As dez medidas anunciadas na semana passada ajudam, mas não garantem uma retomada de maior fôlego. A inflação converge para o centro da meta e, certamente, a queda dos juros básicos da economia, paulatinamente, conduzirão a rota de retomada de crescimento maior de 2018 em diante.

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