15/12/2016 -TETO DOS GASTOS É ANTI-INFLACIONÁRIO
A forte desordem das contas nacionais passará por redução do
tamanho do governo. O teto dos gastos públicos por 20 anos, aprovado pelo
Congresso e que amanhã será promulgada a lei, sujeito à revisão nos próximos 10
anos, sem dúvida é anti-inflacionário e tem seus custos sociais. Não tem como,
com redução de arrecadação, elevar ou manter constantes os gastos de
assistência e previdência. Mesmo assim, para o ano que vem são mantidas as
regras atuais, qual sejam 18% da receita de impostos para a educação e 15% da
receita corrente líquida para a saúde. A partir de 2018, o mínimo em ambas as
áreas passará a ser atualizado pela inflação e não mais vinculado à receita. Técnicos
do IPEA apontam que, em 20 anos, a saúde pode receber R$743 bilhões a menos com
a nova regra. Já na educação, a queda pode chegar a R$32,2 bilhões em 10 anos.
Os programas sociais, tais como o Programa Bolsa Família e Minha Casa Minha
Vida terão as mesmas regras de limites da inflação do ano anterior. Quanto ao
salário mínimo não haverá ganho acima da inflação, já que a PEC é superior à
lei salarial. A principal consequência é com a Previdência Social, que vem crescendo
4% anuais, responsável hoje por 90% do déficit primário, que também será
limitada à inflação, além de ter reforma específica de ajustes, que está sendo
discutida no Congresso. Porém, caindo a inflação, cairão os juros, haverá a
retomada do crescimento econômico com seus benefícios sociais. Ademais, sendo
feitas as reformas micro e macroeconômicas esperadas, depois de 2018 o
crescimento do PIB poderá ser mais substancial. Assim, educação tem que passar
por uma reforma, à semelhança do que ocorreu na Coreia do Sul. Ou seja,
despejar recursos no ensino básico ao contrário do que hoje faz na educação
superior, tanto privada como pública. Saúde tem que ter gestão eficiente. Bolsa
Família, revisão e autonomia dos assistidos e mais assistidos ingressarem no
programa. Acabar com desvios da assistência social do INSS. Unificar o sistema
previdenciário. Em suma, colocar fermento nos recursos produtivos, para elevar
a produtividade.
A outra solução seria aumentar tributos. Altamente impopular,
ainda mais quando se sabe que relativamente aos tributos, principalmente os
impostos indiretos, incidem mais sobre os pobres. Os ricos sabem usar mais os
incentivos e os subsídios.
A outra saída seria deixar os gastos explodirem, por exemplo,
em nome do social. A inflação estouraria, tal como já aconteceu aqui e hoje
atinge a Venezuela cruelmente, cuja taxa de inflação lá já ultrapassa 500%
anuais.
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