02/12/2016 - BRASIL NA ERA DA INCERTEZA
Iniciou-se em 2014 a era da incerteza brasileira. Ou a maior
recessão da história. Talvez esta permanecerá por três ou quatro anos, visto
que o governo de Michel Temer, que parecia gerar confiança de consumidores e investidores
obteve grande revés, sendo isto atestado pelo PIB, que recuou 4%, quando
comparado os três trimestre deste ano com o mesmo período do ano passado. Ou,
4,4%, considerando os quatro últimos trimestres. O atual governante é muito
lento e procura conciliar-se com os políticos, antes de restabelecer os
fundamentos da economia nacional. Perante a crise afirma ter serenidade e
paciência. Não será isto que retomará a economia. É preciso restabelecer o
espírito animal dos empresários, conforme dizia Keynes. Sem os empresários
investirem a economia continuará patinando. A tendência mais provável é que o
País cresça muito pouco no biênio 2016-2017, aproveitando-se da capacidade
ociosa que está muito baixa e da taxa de investimento igualmente, por volta de
16,5%. Para boas taxas, o País precisa investir mais de 20%, dado o fato de que
grande parte desse investimento é depreciação, por exemplo, cerca de 10%, sendo
os outros 10% que darão frutos no longo prazo. Ou seja, os investimentos
amadurecerão devagar. Por hora, os cerca de 6% de investimento líquido não
estão garantindo nem 1% do PIB.
Muito embora a inflação tenha saído da casa de dois dígitos,
ainda é muito alta, acima do centro do sistema de metas inflacionárias, acima
até agora do teto do sistema, que envolve a meta mais o viés de alta. Inflação
elevada convive com juros elevados e estes dois fatores não permitem maiores
taxas de crescimento.
Os fatos estão postos, dado que as reformas econômicas são
necessárias e Michel Temer as encaminha devagar. Pisando em ovos, visto que o Legislativo
tem preso Eduardo Cunha, cassado por corrupção, ex-presidente da Câmara, além
de Renan Calheiros, presidente do Senado, agora como réu no Supremo. Temer
aparece como provável denunciado na operação Lava Jato, cujos acordos de
leniência da Odebrecht começaram a ser assinados ontem, por 77 executivos da
empresa, seus donos, envolvendo cerca de 200 políticos e previsto que ela
devolverá à Petrobras R$6,7 bilhões. Neste ano somente a reforma do teto dos
gastos será aprovada. No ano que vem a previdenciária e a das concessões. No
outro ano a trabalhista. Então seu governo estará no fim do prazo, vindo outra
gestão. Não se sabe se ele irá enfrentar a burocracia. A apuração de corrupção
identificadas em operações tipo Lava Jato, Zelotes, Acrônimo, do setor
elétrico, dentre outras, caminham de forma lenta.
Perante elevado desemprego, as empresas estão contraindo mais
custos para sobreviver. Já no cenário internacional, a incerteza é muito grande
devido ao novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump ter feito
declarações estapafúrdias, contrárias à globalização, sendo desafiador para
todos os países que terão de conviver com a sua gestão incerta, doravante.
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