25/01/2016 - SAIU DA ORTODOXIA



Mediante decisão do Comitê de Política Monetária (COPOM), da semana passada, de manter a taxa de juros em 14,25%, quando os ortodoxos pleiteavam aumentá-la em 0,5%, pode-se entender que o governo está aterrorizado com a recessão, que poderá prolongar-se por três anos, podendo adotar mudanças heterodoxas na política econômica, para atender ao PT, centrais sindicais e ganhar popularidade. Inclusive, para este ano, já admite que a inflação ultrapasse o teto da meta de 6,5%. Os agentes de mercado estão se referindo a 7%, nestes 2016. Esse “chove não molha”, tem colocado os agentes econômicos inseguros, tendo eles reduzido seus programas de investimentos. Uma corrente da base aliada insiste em “mais do mesmo”, baseados em que quem tem o maior espectro de irradiação econômica é a indústria da construção civil e a automobilística, pelos seus decantados méritos, de que cada emprego direto nesses ramos de atividade, dez empregos indiretos poderão ser criados. Sem dúvida, centrados neles se terá crescimento, mesmo com os desdobramentos da operação Lava-Jato. Porém, tal corrente subestima o processo inflacionário, que está corroendo a estabilidade econômica conquistada com tanto esforço, pelo Plano Real, desde 1994. Se fosse Lula o presidente, ele daria “uma no cravo e outra na ferradura”. Seria ortodoxo no combate à inflação, como fez, mas faria as reformas estruturais, inclusive, que ele não fez, para atrair os empresários. Dilma afasta as duas formas e não tem estratégia.
Dessa maneira, o ano de 2016, que começou muito pior do que 2015 poderá estragar de vez as pretensões do PT, de continuar governando o País. Também, o que Dilma não emplaca, é a sua resistência a seguir bons conselhos. Ela não gosta de ser contrariada e reage como se estivesse numa guerrilha, coisa que já foi do seu passado e não se aplica na sua atual presença, já convertida como aspirante ao capitalismo de Estado.
A consultoria Tendências, a pedido de Exame elaborou três cenários, para a chapa “puro-sangue” da atual equipe econômica. Isto é, dirigida por Nelson Barbosa, ministro que pensa como ela, bem devagar. Assim, pretende adotar, em fevereiro, uma medida de cada vez. A primeira seria a de que os bancos públicos seriam usados para ampliar a concessão de crédito. O primeiro cenário é básico, com 45% de chance: mantêm-se no cargo e implantaria tímido ajuste fiscal. Nesse caso, o PIB recuaria – 3%, em 2016 e estagnado ficaria em 0,1% no próximo ano. O segundo cenário é pessimista, com 35% de chance: mantêm-se no cargo, adotando políticas populistas e intervenções na economia. Nesse caso, o PIB recuaria – 5,7% neste ano e estaria em – 2,4% no próximo exercício. O terceiro cenário é otimista, com 25% de chance: Dilma sairia do cargo, assumiria Michel Temer, completaria o ajuste fiscal e iniciaria as reformas econômicas. Nesse caso, o PIB cairia – 1,8% em 2016 e cresceria 1,4% em 2017.

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