14/01/2016 - TAXA SELIC PARA CIMA



Quando a demanda agregada é maior do que a oferta agregada, a diferença é a inflação. Em outras palavras, se a soma das demandas, definidas como consumo das famílias, investimentos empresariais, gastos do governo e exportações são maiores do que as ofertas globais, sendo estas, o PIB mais as importações, as diferenças entre elas são efetuadas pela elevação geral no nível de preços. Mais dinheiro é gasto; tem-se a inflação. No ano passado o PIB deve ter recuado 4%, ainda não divulgado pelo IBGE, sendo estimativa de mercado. Não sem motivo, a inflação de 2014, que foi de 6,4%, pulou para 10,7%, em 2015. Houve recuo do PIB de 4% e avanço da inflação de mais do que 4%. As taxas nem sempre estão próximas assim.

Para combater a inflação há duas correntes opostas. A ortodoxa, de elevar a taxa básica de juros, a chamada SELIC. A ideia é de que estimulando o capital financeiro não se aquece a demanda pelo capital produtivo. A inflação cederia pela retração da demanda global. A heterodoxa, de baixar a taxa de juros. A ideia é de baixar a taxa de juros para estimular a produção, em face de maiores demandas. Aí se teria inflação e o governo teria de ser o xerife dos preços. No Brasil, o Banco Central (BC) pretende continuar sendo ortodoxo, combatendo a inflação com elevação da SELIC. Os analistas credenciados pelo BC, cerca de cem deles, na avaliação semanal FOCUS, acreditam que a taxa SELIC terá três altas seguidas. A primeira, na semana que vem de 14,25% para 14,75%. Na reunião de março vindouro, o BC elevaria a SELIC para 15,25%. No encontro de abril a SELIC chegaria a 15,50%. A perspectiva do mercado financeiro é de que na última reunião do ano a SELIC cairia para 15,25%. Em janeiro de 2017, recuaria para 15%. Em fevereiro para 14,75%. Em março voltaria para 14,25%. Em abril se reduziria para 14%. Em maio, para 13,75%. Quer dizer, a economia voltaria a crescer bem pouco, por volta de 1%, em 2017 e de 1,5% em 2018. Um “soft landing”. Na verdade, não basta só a ortodoxia. Devem serem somadas as reformas estruturais.

O caminho heterodoxo se evidencia nas divergências entre o capital produtivo e o capital financeiro. Isto exigiria controle de preços pelo Estado. Em artigo de ontem, na FSP, intitulado “Indústria”, Benjamin Steinbruch, presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, assim se refere: “Na véspera do Natal, li um surpreendente artigo do economista-chefe da Standard & Poor’s para a América Latina, Joaquim Cottani, no ‘Valor’. Ele sugeriu, entre outras medidas, que o Banco Central corte a taxa SELIC dos atuais 14,25% para 7,25%. Isso reduziria o déficit fiscal de 9,5% para 2,5%, já que os gastos financeiros, que oneram o orçamento fiscal deveria ter atingido cerca de R$500 bilhões no ano passado”. O problema é que a presidente Dilma fez quase exatamente isto entre 2012/2013. Porém, o investimento empresarial recuou, pela instabilidade causada da intervenção governamental, levando a economia a desandar com a volta da alta inflacionária, já por três anos. Em suma, somente com um Estado muito forte a inflação seria administrada. Não é caso do Brasil onde há impasses intransponíveis entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.

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