21/01/2016 - BANCO CENTRAL DEPENDENTE
Muito embora o presidente do
Banco Central (BC) seja indicado pela presidência da República, ele é sabatinado
pelo Senado, quando se compromete a ser independente, tendo, por conseguinte, status
de ministro, tal como os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O BC independente
quer dizer que ele atua de acordo com os mercados financeiros e produtivos, sem
aceitar pressões do Executivo. Isto acontece nos países desenvolvidos, gerando
segurança de que a política monetária irá reger a política econômica em geral. Na
era dos governos do PT, desde 2003 até agora, verificou-se, nos oito anos do
ex-presidente Lula, que o BC foi independente, dirigido por Henrique Meirelles,
do primeiro ao último dia dos oito anos de mandatos. Lula não é, nem se arvorou
a ser economista, deixando a equipe econômica levar o País a bom termo. O
período de Lula (2003-2010) se caracterizou por um crescimento médio de 4% do
PIB. A administração da presidente Dilma
começou o sexto exercício. Ela é economista e veladamente fez a dependência do
BC ao Planalto. Aí está a diferença básica entre a gestão de Lula e de Dilma. Por
isso mesmo, quando ela forçou a taxa básica de juros, a SELIC, para baixo, de
2011 para 2012, durante um ano, de 12,25% para 7,25%, não foi de acordo com os
desempenhos dos mercados, a inflação replicou para cima, ultrapassou a meta de
4,5%. Ela voltou atrás, mas já era tarde, tinha gerado desconfiança dos
empresários e dos consumidores. A SELIC veio crescendo, em três anos, até atingir
a 14,25%, na última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) do BC do
ano passado. Como a inflação deu um salto, ultrapassando o teto da meta de 6,5%
e atingiu 10,67%, em 2015, há seis meses, praticamente, que o BC vem
assinalando que iria elevar a taxa SELIC, na primeira reunião de 2016, em
consenso da maioria dos mercados, de elevação de 0,5% da citada taxa.
Ocorre que, nesta semana, o FMI
surpreendeu com suas previsões trimestrais de que, em 2016, a economia
brasileira irá ter – 3,5% do PIB de recessão, contra a estimativa do último
trimestre de 2015, de que seria de – 1%. Além do mais, para 2017, previu crescimento
zero e somente retomada de pequeno crescimento em 2018. Um desastre. Logo, no
dia 19, o presidente do BC, Alexandre Tombini, mostrou-se, como nunca se tinha
mostrado, declarando, como não se manifesta um presidente na semana decisiva do
COPOM, preocupado com o que seria decidido ontem, dia 20. Ontem, o BC resolveu
manter a taxa SELIC em 14,25%, mediante seis votos a fazer e dois pela elevação
da referida taxa. Portanto, ficou claro para os mercados que o BC aceitou a
pressão do Planalto. A dependência ficou evidente para todo o mundo. A repercussão
é péssima. Assim, nesta terceira semana de janeiro, fica mais uma vez evidente,
já no início do sexto ano de governo da presidente Dilma, que é ela que dirige
a equipe econômica, de forma confusa, muitas vezes, contraditória, gerando
insegurança jurídica, falta de confiança dos agentes econômicos e uma falta de
estratégia para o País retomar o crescimento econômico.
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