23/12/2015 - PERSISTIR NOS ERROS, ATÉ QUANDO?




Se Nelson Barbosa, Ministro da Fazenda, mantiver a chamada “nova matriz econômica”, ele que foi um dos seus artífices, será não reconhecer que o País já perdeu o selo de bom lugar para investimentos, pelas duas maiores agências de risco internacionais, a Standard & Poor’s e a Fitch. Já a Moody’s tem dito que também irá rebaixar a nota brasileira para grau especulativo. Domesticamente, os mercados reagiram nervosamente, visto que parece que se voltará a persistir no erro de manter a tal de “nova matriz”. Será não reconhecer que não pode deixar de pagar os juros da dívida pública, visto que ela fica cada vez mais cara e difícil de pagar. Será não reconhecer que é preciso elevar o Brasil a mais competitivo no mercado internacional, visando elevar as exportações e diminuir o déficit do balanço de transações correntes. Será não reconhecer que a inflação de dois dígitos é incompatível com a estabilidade monetária, financeira e produtiva. Será não reconhecer que precisa voltar a ganhar a confiança dos empresários e dos consumidores. Será que não se reconhecerá como necessárias e fundamentais as reformas estruturais.

O ex-Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ficou quase um ano conduzindo a matriz ortodoxa, a qual fora condenada em campanha pela presidente Dilma, dizendo que Aécio Neves  é que adotaria o programa recessivo de ajuste fiscal. No entanto, a presidente Dilma enviou ao Congresso Medidas Provisórias (MP), elevando impostos, taxas e contribuições, cortando benefícios trabalhistas, os quais jurara que não faria. Os escândalos de corrupção na Petrobras, apurados pela operação Lava-Jato, detonaram 29 grandes empreiteiras, grandes grupos que estavam realizando a maioria das cerca de 1.500 obras públicas, no PAC e fora dele. Elas foram impedidas de fazer negócios com o governo, somente saindo agora uma MP para os acordos de leniência, para que elas voltem, após “mea culpa”, a realizar obras governamentais. Pouquíssimo realizou de parcerias público/privadas, em cinco anos. O País andou para trás.

Agora, na posse de Nelson Barbosa, a presidente falou “quase tudo” errado. Disse que seria mantido o ajuste fiscal com crescimento da economia. Isto é impossível. Depois fez três orientações para ele: trabalhar com metas; atuar para reduzir a dívida pública e gerar empregos. Impossível sem reformas. Por isso, o mercado financeiro está nervoso, enquanto a inflação está muito alta e as contas públicas estão descontroladas. Se a presidente quiser continuar sendo a Ministra da Fazenda, haverá um desastre no País, inimaginável. Como disse o deputado Tiririca: “se pensa que não vai ficar pior, pior fica”, parodiando as leis de Murphy. Portanto, que surja uma luz no fim do túnel, mas não se espere milagre. O ditado popular é “de onde não se espera é que vem” está errado. De onde não se espera é que vem mesmo. Acautelai-vos! Para o ferrenho opositor Alexandre Schwartsman, em sua coluna da FSP, de hoje, intitula-se: “Nelson Barbosa não tem a menor importância”. A questão, então, que se coloca é: com tantos erros será possível a economia voltar a crescer? Não acontecerá. O que começa errado termina errado, mesmo que tenha certo no meio. O que começa certo termina certo, mesmo que tenha erro no meio. A esperança é que se mude a “matriz econômica”, fazendo os seus cálculos corretos, mesmo que se tenham erros pelo meio.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DÉFICIT PRIMÁRIO OU SUPERAVIT PRIMÁRIO?

OITAVO FÓRUM FISCAL ÁRABE EM DUBAI

BANCO ITAÚ MELHOR PERFORMANCE