01/12/2015 - PREVIDÊNCIA RURAL CAVA BURACO ORÇAMENTÁRIO
A Previdência Social era
basicamente urbana e superavitária. Porém, ao agregar a Previdência Rural
passou a ser deficitária e hoje é quem mais contribui para o déficit público. A
Previdência Rural proporciona aposentadoria a todos os idosos do campo,
garantindo uma renda mínima de um salário mínimo, sem levar em conta todo o
tempo de contribuição, conforme atuarialmente se deveria verificar, tal como
ocorre com o trabalhador urbano. Assim, a idade mínima de contribuição do trabalhador
rural é de cinco anos de contribuição. Por exemplo, em 2014, as contribuições
dos trabalhadores rurais foram de apenas 7,5% das despesas com benefícios
previdenciários. Dessa forma, o déficit previdenciário do setor rural alcançou
R$90,6 bilhões. Ou seja, 1,5% do PIB. Já, em 2014, o déficit geral foi de 1% do
PIB. Isto é, de R$62,7 bilhões. Portanto, na área urbana houve superávit de
R$27,9 bilhões, número equivalente à contribuição de um ano do Programa Bolsa
Família, que, conforme é sabido, representa 0,5% do PIB. Na medida em que o
salário mínimo vem tendo ganho real, alcançando este já 150%, veio se
aprofundando o déficit orçamentário em mais de 20 anos, data do Plano Real
(1994), quando a lei salarial passou a incorporar o incremento do PIB, como
ganho de produtividade, mais o reajuste inflacionário.
Na verdade, a situação
previdenciária é explosiva, visto que, a idade mínima de aposentadoria das
mulheres é de 60 anos e a dos homens de 65 anos, enquanto a expectativa de vida
das mulheres é de 78,6 anos e dos homens de 71,3 anos, sendo a média de 74,9
anos. O Brasil é um dos poucos países do mundo em desenvolvimento de idades tão
baixas. Se fosse elevado para 65 anos e 70 anos, o buraco imediatamente poderia
ser resolvido, vertendo-se para superávit? Aí, os cálculos dos
previdenciaristas deveriam acontecer e demonstrar.
Enfim, por que o trabalhador
rural merece o privilégio de contribuir menos com tempo e dinheiro do que o
trabalhador urbano? Trabalhos iguais; salários iguais; aposentadorias iguais.
Porém, no Brasil é assim mesmo, as instituições têm que serem aperfeiçoadas,
consolidadas, em busca da equidade. Muita coisa, entretanto, destoa de que
todos são iguais perante a lei. Há prisão diferenciada para quem tem nível
superior. Há políticos com foro privilegiado e os cidadãos comuns e incomuns
que não o têm. O empregado ativo tem reajuste maior do que o aposentado. O
bolsista do Programa Bolsa Família, que nunca trabalhou, ou pouco o fez, tem
reajuste da bolsa maior do que o aposentado, que trabalhou por trinta e cinco
anos.
Douglas North, prêmio Nobel de
Economia de 1993, morto na semana passada, celebrizou-se ao demonstrar a
contribuição fundamental da qualidade das instituições no desenvolvimento dos
países. Assim se referiu, em visita ao Brasil, em 2006: “Há uma aliança próxima
entre interesses políticos e econômicos. O resultado é uma barreira para a
competição e para mudanças institucionais inovadoras e criativas. Isso impede o
Brasil de se tornar uma nação de alta renda”.
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