20/12/2015 - MUDANÇA NA DIREÇÃO




A substituição do Ministro da Fazenda Joaquim Levy por Nelson Barbosa é o atendimento de forças dentro dos partidos da base aliada, em especial, PT e PC do B, para maior liberalidade nos gastos públicos. Ironicamente, maior liberalidade no gasto público implica em dizer que o tamanho do Estado aumentará e ele retomará as medidas que se fortaleceram nos oito anos do governo do presidente Lula, visto que as medidas adotadas pela presidente Dilma não deram certo em cinco anos, quando País cresceu por volta de 1% em média, seguindo praticamente o crescimento vegetativo da população, que está por volta de 1%. Quer dizer, não acompanhou o progresso mundial e muito menos dos emergentes do seu tamanho. Pelo contrário, nestes 2015, o PIB está recuando por volta de 4%. Em outras palavras, o País ficou mais pobre, o desemprego cresceu e o Brasil ficou menos feliz. Poder-se-ia pensar, então, que a mudança irá de encontro à reversão de expectativas.

Enquanto Joaquim Levy é doutor em economia pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, ortodoxo de carteirinha, defendendo o ajuste fiscal antes de tudo, o que colocou a economia em recessão, para depois voltar a crescer. Nelson Barbosa é doutor em economia da Nova Escola para Recursos Sociais, de Nova York. Vale dizer, favorável aos incentivos fiscais para o consumo e para o investimento, capitaneados pelos investimentos públicos.

A troca do comando foi mal recebida pelos mercados financeiros e de ações. O índice BOVESPA recuou quase 3%, no menor nível desde 2009. Mas, segundo Jacques Wagner: “Quem banca a política econômica é a presidente da República e ela convoca o ministro para cumpri-la”. Claro, há muitos empresários que acreditam no modelo de Lula. Wagner é indicação dele na Casa Civil, o segundo posto de comando nacional. Resta saber se serão feitas as imprescindíveis reformas econômicas estruturais. A aposta é a mesma de Lula, qual seja de estimular o crescimento, via capacidade ociosa, crédito barato para o consumo e para a construção civil e aos “campeões nacionais”.

De início, o ajuste nas contas públicas poderá ser postergado. Barbosa discursa que o governo deve privilegiar o crescimento econômico, mas o perigo é está na alta da taxa inflacionária, que já ultrapassou dois dígitos, a não ser que congele ou postergue os reajustes dos preços administrados. Então criará bombas de efeito retardado das empresas estatais. Para Barbosa é “imprescindível a opção pragmática de atuar com medidas de incentivo fiscal e monetário conjuntamente às transferências de renda e ao aumento do investimento”.

Enfim, a saída pela “esquerda” não contará principalmente com os grandes investidores internacionais, ligados aos fundos de pensão, visto que duas agências internacionais de risco retiraram o selo brasileiro de bom pagador. Agora é aguardar para ver como se resolverão as incógnitas das equações macroeconômicas então postas.

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