22-12-2015 - MATRIZES DA ECONOMIA
Outrora a
política econômica fora traduzida pelos planos econômicos de longo prazo, do
período de 1949 a 1994. Foram 15 deles. Porém, já em 1979, o último governo
militar, de João Batista Figueredo (o nome é assim mesmo), abandonou o III PND,
dizendo que não somente enviaria ao Congresso “pacotes” econômicos. Quem sabe,
“containers”. É bem verdade que, quem iniciou o envio de “pacotes” ao Congresso
foi o seu antecessor, Ernesto Geisel, quando fora bombardeado pelo primeiro
choque do petróleo, a partir de setembro de 1973. O então denominado “pacote”
econômico contem medidas de uso imediato, inscrito na Constituição Federal, de
1988, como Medida Provisória (MP), de caráter emergencial, porém, sendo, desde
José Sarney, de caráter rotineiro. Após o último Plano Econômico, o Plano Real,
de 1994, de longo prazo, estando aí até hoje, o País passou a contar com a
estabilidade monetária. Ao assumir em 1995, FHC procurou definir também uma
matriz econômica própria, que já advinha do Real, conhecida como âncora cambial
ou dolarização da economia. É conveniente lembrar que se evitou usar o termo
“dolarização”, por âncora cambial, para não ser comparada à fracassada
experiência argentina. Contudo, foi “dolarização” mesmo, já que um real valia
um dólar, na equiparação da época. O câmbio era fixo, mediante sistema de
bandas cambiais sobre intervenção do Banco Central. Depois, o mercado monetário
foi paulatinamente descolando do dólar. Não sem motivos, existiram as crises
cambiais, centradas no México, nos Tigres Asiáticos, na Rússia, importadas pelo
Brasil. Reeleito, FHC adotou a (1) matriz do tripé econômico, composto de
superávit fiscal, de câmbio flutuante e de metas da inflação. Deu certo. A
economia ficou estabilizada na referida matriz, que, àquela época, 1999, já era
adotada por mais de 20 países e hoje pela maioria deles no mundo. Eleito Lula,
manteve a (2) matriz do tripé modificada, incluindo estímulos ao uso da
capacidade produtiva ociosa, ao consumo, ao crédito e para a construção civil.
O êxito foi indiscutível. No entanto, adveio a crise internacional do final de
2008, a maior do capitalismo desde 1929, quando da Grande Depressão. No final
da era Lula, adotou-se a (3) nova matriz econômica, de cuja participação também
se fez com o atual escolhido Ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Na década
passada, a economia brasileira cresceu por volta de 4%. Porém, as matrizes de
FHC e de Lula, depois de 16 anos, revelou esgotamento com base nos referidos
estímulos acima citados. Seriam necessárias as reformas estruturais. Dilma foi
eleita, mas não as fez, aprofundando “a nova matriz econômica”, que, além dos
estímulos, elegeu “campeões nacionais”, empresas gigantes privilegiadas com
crédito subsidiado do BNDES, elevou a carga tributária para 36% do PIB,
tornando-se alvo de desconfiança dos empresários e do governo. A matriz tinha
se esgotado. Mas, Dilma insistiu em quatro anos, colhendo em 2014, déficit
primário de R$35 bilhões, depois de 18 anos sem incorrê-lo. Reeleita, Dilma
chamou para Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que implantou a (4) matriz
ortodoxa. Um ano depois, não deu certo. Ele saiu da direção e assumiu Nelson
Barbosa, que pretende adotar a (5) matriz desenvolvimentista. Como somente teve
um dia de atuação, Barbosa a anunciou, mas foi recebido com desconfiança pelos
mercados. Dólar subiu muito. Bolsa caiu muito também. Amanhã o Congresso
entrará de recesso e se terá seis semanas de prolongamento da pior recessão de
dois anos, depois de 1930-1931.
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