10/12/2015 - QUINQUÊNIO DE CRESCIMENTO MEDÍOCRE
Antônio Delfim Netto é doutor em
economia pela USP, desde os anos de 1950, exerceu os mais elevados cargos,
ministro da área econômica mais de uma vez, embaixador na França, deputado
federal, professor, secretário de finanças de São Paulo. Sobre o atual
desempenho econômico de cinco anos do governo da presidente Dilma, ele escreveu
ontem na FSP: “O quinquênio 2011-15 pode ser resumido em um número. O PIB do
Brasil cresceu pouco mais de 5%. Enquanto o PIB mundial cresceu mais de 17% e o
dos emergentes (sem o Brasil) cresceu 28%. Logo, a tragédia foi interna...
Estamos diante do experimento crítico: ou Dilma defende-se corretamente, assume
seu protagonismo, enquadra sua ‘base’ e propõe reformas constitucionais
indispensáveis ou a Câmara, convencida da impossibilidade de reconstrução da
confiança da sociedade na presidente, dá-lhe a possibilidade de afastar-se com
honra”. Em outras palavras, a gestão econômica tem sido medíocre, fazendo o
País andar para trás. A retomada do crescimento somente acontecerá com reformas
estruturais. Dessa forma, a pauta da economia brasileira é o impeachment da
presidente Dilma, aberto na Câmara Federal. Ela poderia reagir dessa maneira,
mas não o faz por incompetência.
Ontem o IBGE divulgou o índice
oficial de inflação, encerrado 12 meses em novembro. Este chegou a 10,5%. É a
maior alta desde novembro de 2003. Ao chegar a dois dígitos, a perda de quem
vive de salários é muito significativa. Empobrece mesmo. No mês de novembro, a
inflação trouxe sofrimento pela alta generalizada de alimentos. Porém, em 12
meses, são os preços administrados pelo governo federal que mais contribuíram
para o número chegar a 10,5%. Os preços federais subiram 18%, em 12 meses,
respondendo por 4,11% da inflação até novembro. Se não houvesse o efeito dos
preços públicos, a inflação ficaria em 6,39%, dentro do teto da meta de 6,5%,
que é o rigor do sistema de metas de inflação. Claro que os preços públicos precisam
ser elevados. No entanto, reprimi-los e depois soltá-los demonstra a
incoerência na gestão econômica, combinando infelizmente mais recessão com mais
inflação. A propósito, o birô econômico do Banco of America Merril Linch está
prevendo recessão brasileira, sem precedentes, de 3,3% para este ano e de 3,5%
para 2016. É a primeira instituição a afirmar que o ano que vem será pior do
que este.
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