30/09/2015 - LEVY REAGE AOS REITERADORES DA MATRIZ MAC ROECONÔMICA
A “nova matriz macroeconômica”, delineada
por Guido Mantega, então Ministro da Fazenda, ainda no segundo mandato do
ex-presidente Lula, abraçada pela presidente Dilma e reforçada no seu primeiro
mandato, levou ao gasto desenfreado, muitas vezes mais alto do que a elevação
do PIB, no período todo petista, havendo a redução abrupta de juros básicos, crédito
farto ao consumo, com o consequente retorno da inflação alta, privilégios a
grandes empresários escolhidos, logo, discriminando a maioria dos capitalistas
nacionais, sendo concedidos créditos subsidiados pelo BNDES para aqueles,
redução ou até isenção de tributos para montadoras de automóveis, produtores da
linha branca de eletrodomésticos e participantes da construção civil, além de
elevação da carga tributária, gerando recuo dos investimentos empresariais,
desconfiança dos consumidores, aumento do desemprego e colocação da economia em
recessão. Os resultados são números descendentes da contabilidade nacional, ao
ponto de obter-se déficit primário em 2014, ser incógnita 2015 e a trapalhada
do governo de enviar ao Congresso um orçamento deficitário para 2016.
Resultado: rebaixamento da nota brasileira para a concessão de investimentos
internacionais pela agência de risco Standard & Poor’s. O longo caminho de
volta está sendo previsto para 2022, conforme estudioso das agências de risco,
o economista francês Norbert Gaillard. Mas, se forem feitas as mudanças e até
melhores do que aquelas de 2003 a 2008. De 2009 para cá a economia se
degringolou. Na verdade, idas e vindas da taxa de juros corroeu a estabilidade
econômica.
Em entrevista à Folha de São
Paulo, publicada ontem, Ricardo Lacerda, ex-presidente do Citigroup para a
América Latina, ex-presidente do Banco Goldman Sachs e atual dono do banco de
investimentos BR Partners, declarou que, embora tenha votado na presidente, não
imaginava que o ambiente de negócios brasileiro viveria um caos como agora, os
investidores se retraíram e o rebaixamento da nota do Brasil por outras
agências de risco é inevitável. Para ele, a atual gestão econômica trouxe em
consequência uma combinação tóxica de recessão, explosão da dívida e alta
inflação. Para ele, não se encerrou ainda o ciclo de aperto monetário, sendo
provável que a SELIC se eleve até próxima de 20% ao ano.
Neste segundo mandato, a
presidente Dilma resolveu fazer um ajuste fiscal, que se prolonga muito, para
se conduzido pelo Joaquim Levy, ortodoxo de carteirinha de Chicago, o que
contraria vários segmentos dentro do PT, tendo sido produzidos dois relatórios
pela Fundação Perseu Abramo, dirigido por Márcio Porchmann, e com o apoio de
vários economistas, com destaque para Luiz Gonzaga Belluzzo, propondo a volta
da “nova matriz econômica”, mediante aprofundamento do Estado no domínio
econômico.
Em declarações de ontem, Levy,
pela primeira vez, foi mais além de somente referir-se ao ajuste fiscal.
Reiterou que estava no caminho certo, visto que vislumbrava três estágios. O
primeiro, o ajuste fiscal, que levará a que os juros caiam. O segundo, em
decorrência, os empresários irão investir com segurança. O terceiro, quando o
governo federal realizará as reformas estruturais, para a retomada do
crescimento econômico. O problema é que
o preço tem sido alto para esperar-se que sua ortodoxia funcione. Será que os
agentes econômicos irão esperar? Será que os agentes políticos irão realizar o
impeachment da presidente? Na verdade, desde 1979, que o Brasil abandonou o
planejamento econômico de longo prazo e nunca mais obteve crescimento
sustentável como aquele dos anos de 1970.
Em resumo, aprofundar a “nova
matriz econômica” será realmente se chegar ao caos. Acreditar Levy é admitir
recessão prolongada e também acreditar que se farão as reformas, quando a
economia poderá crescer a partir de 2017, ainda que a taxas baixas. Se as
reformas derem certo, espera-se novo ciclo de alta moderada.
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