16/09/2015 - POLÍTICA ECONÔMICA DESNORTEADA
Quando não se tem orientação,
costuma-se dizer que a pessoa está desnorteada ou de que “está mais perdida do
que cego em tiroteio”. É o caso da equipe econômica do segundo mandato da
presidente Dilma. Depois do fiasco que foi levar ao Congresso um orçamento com
déficit primário de R$30,5 bilhões, o primeiro da história republicana, obteve
o rebaixamento da agência de risco Standard & Poor’s, para país que tem
grau especulativo na recepção de investimentos, reúnem-se às pressas para
mandar ao Congresso um pacote, visando remediar decisão equivocada. Agora o objetivo
é de arrecadar mais, gerando superávit primário de 0,7% do PIB, estimado em
R$34,4 bilhões, e não de 0,5% do déficit referido acima. Em poucos dias, a
presidente Dilma encampou governar com déficit e recuou para obter superávit.
Ao mexer na proposta de ajuste do
orçamento, buliu do lado das despesas e do lado das receitas. Na primeira
plataforma, gastos totais poderão ser reduzidos em R$26 bilhões. Definiu nove
áreas de atuação. Pretende (1) adiar o reajuste dos servidores de janeiro para
agosto, no valor de R$7 bilhões; (2) suspender concursos públicos federais em
2016, no valor de R$1,5 bilhão; (3) eliminação do abono de permanência, de
R$1,2 bilhão; (4) teto remuneratório do serviço público de R$800 milhões; (5)
redução do gasto com custeio administrativo de R$2 bilhões; (6) cortes no PAC e
no Minha Casa, Minha Vida (MCMV) de R$4,8 bilhões; (7) cortes no PAC, sem MCMV
de R$3,8 bilhões; (8) cortes nos gastos da Saúde de R$3,8 bilhões; (9) revisão
da estimativa de gasto com subvenção agrícola de R$1,1 bilhão. As reações mais
fortes vêm do funcionalismo público, que ameaça com greve geral, das forças
sindicais, principalmente as que apoiam o governo, e daqueles que vem o
aprofundamento da recessão. Na segunda plataforma, elevação da arrecadação de
R$45,6 bilhões, identificadas em sete áreas de atuação, mais R$14,8 bilhões
ainda não bem estimados e relativos a revisão de receitas. Pretende (1) retornar
a CPMF, com alíquota de 0,2%, válida por 4 anos, sendo a arrecadação usada para
cobrir rombo da Previdência, estimado em R$32 bilhões; (2) usar 30% do valor
recolhido pelo “Sistema S” para cobrir rombo da Previdência, R$6 bilhões; (3)
mudanças em deduções de valores para o “Sistema S”, R$2 bilhões; (4) mudanças
de alíquotas, para cima, no Reintegra (programa de estímulo às exportações),
R$2 bilhões; (5) aumento do imposto de renda da pessoa física, no que tange aos
ganhos de capital, R$1,8 bilhão; (6) elevação da alíquota de Juros sobre o
Capital Próprio, de 15% para 18%, R$1,1 bilhão; (7) redução de 50% de estímulos
do regime do PIS/COFINS à indústria química. Ao procurar recriar a CPMF e
elevar a arrecadação tributária, isto pode liquidar de vez com a gestão de
Dilma, mediante reconhecimento de que ela quer passar para o contribuinte a
conta pelos seus descalabros nos gastos públicos. Desgaste em cima de desgaste
e certamente sua popularidade poderá baixar ainda mais.
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