03/09/2015 - BNDES INEFICIENTE
Criado como Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico (BNDE), em 1953, na fase nacionalista do governo de
Getúlio Vargas, para financiar investimentos de longo prazo da chamada
burguesia nacional. Isto é, especificamente para fortalecer a indústria
brasileira. Porém, dirigiu-se para a grande empresa, para o grande
conglomerado, que sempre pleiteou juros subsidiados. Ontem muito mais do que
hoje, mas continuam os subsídios dos juros, em relação aos praticados pelo
mercado financeiro. Claro, fortaleceram-se os grandes grupos nacionais. Dessa
maneira, o Banco sempre foi pressionado para abrir linhas de financiamentos
para o setor agropecuário, para o setor de serviços, para o setor governo e
para empresas multinacionais (muitos querendo também citados benefícios). Em
1986, quando o governo do presidente Sarney colocou o nome Social (S),
tornando-o BNDES, ele paulatinamente foi atendendo às referidas pressões,
abrindo o leque para atender a praticamente qualquer grande agente econômico,
inclusive, prefeituras, estados, outras instituições públicas e multinacionais
(a primeira foi a Volkswagen, a maior indústria automobilística da época).
Em artigo de hoje, intitulado
“BNDES eleva investimento e produtividade?”, na Folha de São Paulo, Mônica
Baumgarten de Bolle, afirma: “Primeiramente, desde que o BNDES passou a atuar
de forma mais agressiva nos mercados de crédito – a partir de 2006, com a
política de ‘campeões nacionais’, encerrada em 2013, e durante a crise global
de 2008-2010, como eixo de sustentação do crédito -, a taxa de investimento no
Brasil praticamente não se alterou... A literatura acadêmica recente sobre o
BNDES não identifica nenhum ganho de produtividade para as empresas
beneficiadas por esses empréstimos... Está, portanto, mais do que na hora de o
BNDES encontrar as sua verdadeira vocação para atender as necessidades do
Brasil do século 21, em vez de apegar-se a argumentos para os quais não há
comprovação inequívoca”. Referia-se ao artigo do dia 26 de agosto, do presidente
do BNDES, Luciano Coutinho que assim se referiu: “Entre outros objetivos, a
atuação do BNDES é crucial para viabilizar um patamar de investimentos mais
alto do que ocorreria em sua ausência, o que aumenta a capacidade produtiva e a
produtividade, e, assim, amplia o potencial de crescimento do País”.
Ambos os acima citados
economistas não disseram que os financiamentos do BNDES, embora devam saber,
mas não citaram por falta de comprovações empíricas, cuja carteira atende a 70%
dos enormes grupos econômicos, com faturamento acima de R$130 bilhões,
dirigem-se para aplicações financeiras em títulos públicos, à taxa média de
juros de 14,25%, a SELIC, enquanto tomam emprestados a juros que variaram, em
média, de 3,5% a 6,5%, à chamada Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). Dessa
maneira, ganham mais dinheiro na esfera financeira do que na esfera produtiva,
deixando de dar maior atenção à elevação do investimento e da produtividade.
Não sendo nenhuma novidade na história do capitalismo brasileiro, cujos
investidores quase sempre pleitearam benesses dos governos, ao invés de ampliar
produção e produtividade. Em consequência, o Brasil de um país pobre até o
final da década passada, passou a um país emergente, caindo na armadilha de
país de renda média, onde permanece há várias décadas.
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