23/09/2015 - ALTOS E BAIXOS DA ECONOMIA BRASILEIRA



Por incrível que possa parecer, há pelo menos sete décadas que o País tem belo desempenho econômico em uma década, mas não se sustenta e cai na década seguinte. A construção de fundamentos sólidos tem sido derrubada por debilidades, ora do desequilíbrio no comércio internacional, ora pela alta da inflação, ora pela crise da dívida pública, ora por excesso de gastos do governo. Não nessa ordem de importância, mas, interligados. Aos trancos e barrancos passou cerca de cinco séculos como país pobre. A partir da estabilização monetária do Plano Real (1994), em que os fundamentos da sua economia passaram a ser consistentes, ascendeu ao grau de grande país emergente. No segundo governo do ex-presidente Lula, crescendo a taxas acima de 4% ao ano, estourou a segunda maior crise do capitalismo, depois daquela de 1929, quando, em 2008, os Estados Unidos tiveram que socorrer suas grandes multinacionais, tais como a que já foi a maior empresa do mundo, a General Motors. Lula afirmou que o Brasil estava numa “marolinha”, sendo o último país do mundo a ingressar em breve recessão e o primeiro a sair dela. Em 2009, o PIB se modificou em – 0,2%. Porém, em 2010 cresceu espetacularmente 7,6%. Era o momento de a presidente Dilma fazer o ajuste fiscal em 2011. Mas, não. Ela colocou “pau na máquina”. Naquele ano, o PIB cresceu 3,3%; o gasto público 3,9%. Em 2012, a economia se elevou em 1,8%, a despesa federal aumentou 4,6%. Em 2013, o PIB subiu 2,7%; o gasto público aumentou 5,1%. Em 2014, o País se estagnou em 0,1%; a despesa federal subiu estonteantes 6%. O País obteve déficit primário de R$35 bilhões, 0,5% do PIB, depois de 18 anos. Só, então, no segundo mandato da presidente Dilma, ela resolveu fazer o ajuste fiscal. Neste 2015, a economia recuou bastante, sendo esperado recessão de menos 3%. A presidente Dilma perdeu a maioria dos parlamentares no Congresso, o que em muito tem dificultado o ajuste fiscal. O governo mandou ao Parlamento um orçamento para 2016 com déficit de R$30,5 bilhões. A agência de risco Standard & Poor’s retirou a nota de grau de investimento do Brasil, colocando-o em grau de especulação. A inflação está bem próxima de 10%, os consumidores recuaram, os investidores recuaram ainda mais. Há um grau enorme de pessimismo.

As questões pioraram enormemente desde o início deste ano, a exemplo do que registra a revista Exame desta quinzena: “Um levantamento feito por EXAME mostra que o lucro - somado – de todas as 321 empresas listadas na Bovespa foi de R$11 bilhões de dólares no segundo trimestre deste ano. A Apple, gigante americana de tecnologia, lucrou 13,6 bilhões de dólares no mesmo período – quase 25% mais do que nossa elite empresarial inteira. É verdade que foi o maior resultado da história, mas o simbolismo é matador – apenas uma empresa americana ganha mais dinheiro do que todas as companhias abertas brasileiras. No trimestre, e ao câmbio de setembro, a mineradora Vale lucrou 1,4 bilhão de dólares, e a cervejaria Ambev, 660 milhões. No mesmo período do ano passado, o lucro somado das empresas abertas brasileiras havia sido 65% maior do que o da Apple”. Tanto isto é verdade, que a crise política e econômica elevaram a cotação do dólar ao patamar mais alto da história do Plano Real. Por exemplo, em Salvador, Bahia, ontem o dólar chegou a ser vendido até aos R$4,56. Isto é, praticamente bateu em R$5,00.

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