24/07/2015 - CONSUMIDOR CAUTELOSO IMPLICOU FRUSTAÇÃO DE RECEITA
A equipe econômica alterou as
suas metas de governo relativas estritamente à política monetária. Isto é, a
grande prioridade é a estabilidade da economia, em detrimento do planejamento econômico
de todos os ministérios (ausência mesmo dele). Isto é, para diminuir a
inflação, eleva-se a taxa básica de juros, que aumenta a dívida pública e o
governo não tem outro jeito senão reduzir a meta de superávit primário e cortar
mais gastos do orçamento anual, medidas que garantem uma recessão maior do que
– 1,5% em 2015 e crescimento de 0,5% em 2016, sendo estas as previsões
governamentais. Geralmente, as taxas que serão obtidas serão maiores do que as estimativas oficiais,
as quais procuram minimizar os defeitos e elogiar virtudes. A política
monetária acima é do agrado dos organismos internacionais de fomento e de
disciplinamento capitalista, à exceção de que a dívida pública permanece alta
ou crescerá um pouco, continuando a ameaça de perda do grau de investimento.
Para explicar o que fez, a citada equipe afirmou ontem que reduziu a meta do
superávit primário devido à frustração da arrecadação do primeiro semestre e
das dificuldades de aprovação de medidas que elevem tributos pelo Legislativo. Ora,
a explicação simplória de frustração de receita ocorreu por que o governo
desestimulou empresários e consumidores. Sem investimentos, não se conseguem os
empregos e os consumidores ficam cautelosos. O círculo vicioso da política
monetária levará muito tempo e somente se reverterá quando a inflação retornar
para o centro da meta, admitido o seu viés, fixado pelo Conselho Monetário
Nacional, agora restrito em seu conjunto ao máximo de 6% anuais. O que se expôs
é o pensamento ortodoxo capitalista, disciplinando o demônio inflacionário. A
opção de outro receituário seria o estruturalista, introduzindo o planejamento
econômico, conforme fez JK, de 1956 a 1960. Porém, aí vem a crítica de que o
planejamento de longo prazo, projeta grandes realizações, estimulantes da
inflação de demanda e trazem forte recrudescimento inflacionário. Portanto, a
receita ortodoxa é de estabilizar a economia, casada com recessão, para depois
retornar ao crescimento, geralmente baixo. Já a receita heterodoxa leva ao
crescimento elevado e alta inflação. Dessa forma, Aristóteles, desde milênios,
tem razão: “a virtude está no meio”.
O cenário atual mantém o
consumidor cauteloso, pessimista mesmo, conforme pesquisa promovida pela
Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimentos
(ACREFI), especializada em pesquisa de mercado, que em consulta mensal de maio,
verificou que a maior parte dos consumidores (84%) pretendem mudar o padrão de
consumo, economizando mais em 2015. Em seguida, a pesquisa também concluiu que
71% dos consumidores acreditam que a situação financeira do País é ruim ou
péssima, percentual que praticamente coincide com a última pesquisa desta
semana do governo Dilma de que mais de 70% consideram a sua gestão ruim ou
desastrosa.
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