22/07/2015 - FRAGILIDADES CADA VEZ MAIS EXPOSTAS
O Banco de Compensações
Internacionais (BIS), considerado o banco central dos bancos centrais, com sede
na Suíça, aceito pelas nações por acordos internacionais, apontou o Brasil como
um dos países mais vulneráveis às turbulências econômicas. Para basear a sua
afirmação, disse que o País obteve déficit geral nas contas públicas de 7,9%,
no período de 12 meses, contados até maio. Citado pela revista Exame, desta
quinzena, este indicador é mais de duas vezes os 3,5% da Grécia. Porém, o
grande problema da Grécia é a dívida pública elevadíssima, próxima de 3 vezes
(mais de 160% do PIB), em relação à dívida pública brasileira de 63% do PIB,
que também é alta. A deterioração da contabilidade nacional rapidamente se
agravou em 2014. O governo federal contratou Joaquim Levy, para Ministro da
Fazenda, ortodoxo de carteirinha, com a obrigação de promover forte ajuste
fiscal. Terminado o primeiro trimestre, dos 1,2% do PIB, ou seja, R$66 bilhões de
economia só foram conseguidos R$25 bilhões e a arrecadação global caiu 3%. Se
fracassar na economia, visto que a relação dívida/PIB provavelmente não
diminuirá, crescerão mais uma vez as apostas de que o Brasil perderá o grau de
investimento e de que a presidente Dilma poderá ser impedida de continuar
governando. As consequências disso são de mais dificuldades por um longo tempo.
Por exemplo, já há quem pense como o bilionário investidor americano, Jim
Rogers, especialista em commodities, afirmando que “O Brasil não está sendo bem
administrado e por isso deveria ser rebaixado” (Exame, 22-07-2015, p. 44). Por
outro lado, o quadro político é de enorme desencontro entre os poderes
Executivo e o Legislativo, além do Judiciário continuar severamente apurando
escândalos de desvios de recursos da Petrobras, conforme constam da operação
Lava-Jato.
As questões econômicas
proliferaram em três ordens, que dificultam a boa gestão. (1) Pedaladas fiscais
de 2014. O Tribunal de Contas da União (TCU) identificou 31 irregularidades nas
contas nacionais de 2014, explicações dadas hoje, que terão vários
desdobramentos. (2) Crimes de extorsão. A oposição pediu à Procuradoria Geral
da República para investigar se empresas foram chantageadas para doar fundos à
campanha de Dilma em 2014, visto que os assuntos têm sido ditos pelos
empreiteiros que fizeram delações premiadas. (3) Abuso de poder na campanha.
Existem três ações no Tribunal Superior Eleitoral sobre ele. Referidas questões
se comprovadas poderão levar ao afastamento da presidente Dilma, sendo que nas
duas primeiras, o vice-presidente, Michel Temer assumiria. Na terceira
hipótese, assumiria o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que, depois de
terminado o processo do item terceiro, convocaria eleições em 90 dias, até o
fim de 2016. Se passasse desta data, o Congresso escolheria o presidente. A
situação está muito complicada. Enquanto isto, a popularidade da presidente
voltou a cair, estando agora por volta de 7%, conforme pesquisa da CNT/MDA, divulgada
ontem, cuja causa principal são as más notícias da área econômica, sendo a nota
semelhante a dos piores dias de FHC, no final do século XX. Ademais, o
pessimismo no Brasil atinge maior índice desde 2007, segundo a consultoria
Grant Thorton, que analisou mais de 30 países. Enquanto isto o País caminha
para trás e é grande a desilusão. A questão é: quando aparecerão as boas
notícias? Ministros, como o do Trabalho, acredita que a recuperação está
próxima e, então, haverá logo recuperação da popularidade da presidente.
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