23/07/2015 - VETO AO REAJUSTE DO JUDICIÁRIO E REDUÇÃO DO SUPERÁVIT
Anualmente, existem reajustes dos
salários públicos de acordo com as categorias funcionais. Porém, cumpre-se secularmente
uma hierarquia, pela qual os vencimentos federais são maiores do que os
estaduais e, por sua vez, estes maiores do que os municipais. Na escala
federal, o Judiciário procura manter uma média elevada maior do que a dos
funcionários do Legislativo e, por sua vez, estes em relação ao Executivo. Em
razão do desemprego brasileiro, conforme a última PNAD - Contínua estar em 8%,
o desemprego dos mais jovens alcançou 18%, os concursos públicos federais são
dos mais desejados. Por exemplo, a média dos salários do judiciário federal é
de R$16 mil, muito superior ao salário médio da iniciativa privada, sem contar
que o servidor público tem estabilidade no emprego. Neste mês de junho o
Congresso aprovou reajustes salariais que variam de 56,4% a 78,6% para os
servidores do Judiciário. Expirou ontem o prazo para a chancela da presidente
da República, que fez veto total ao projeto aprovado, propondo, o que tem
proposto a todas as categorias do funcionalismo público, um reajuste de 21,3%,
mediante aumento escalonado entre 2016 a 2019. Logo, a distância foi muito
grande e muitas categorias de servidores estão em greve há bastante tempo.
Perante uma inflação deste ano de 9%, a do próximo, projetada para 5,5%, mesmo
que em 2017 se chegue ao centro da meta de 4,5%, bem como em 2018, em 4,5%, fica
bastante claro que haverá perdas salariais consideráveis.
No quadro recessivo e de
deterioração econômica no qual o País se encontra muito provavelmente a
popularidade da presidente da República poderá cair de 7,7% atuais. A pesquisa
divulgada ontem pela CNT/MDA mostrou que a maioria dos brasileiros, 70,9%
desaprova o governo de Dilma (conceitos de ruim a péssimo); 20,5% o consideram
regular; 7,7% o consideram bom ou ótimo; outros 0,9%. A aceitação do seu
governo como bom ou ótimo está pior do que aquele da mergulhada por FHC, na
crise final da sua era, quando chegou ao fundo do poço de 8% entre bom a ótimo.
Por fim, o governo federal ontem
surpreendeu negativamente os mercados ao reduzir a meta do superávit primário
de R$66,3 bilhões (1,13% do PIB), para R$8,7 bilhões (0,15% do PIB). Ao invés
de garantir pequena redução do endividamento bruto esperado de 63% do PIB,
elevou suas previsões para crescê-lo no biênio 2016-2017, para 66%, e somente
reduzi-lo para 65% do PIB em 2018. Anunciou, ainda, um corte de mais R$8,6
bilhões do orçamento aprovado. Quer dizer, estimativas muito pequenas de
superávit primário, dentro de um quadro recessivo de todo o segundo mandato. Enquanto
isto persistirá com a redução da taxa de inflação, através da elevação da taxa
SELIC. A crise econômica, que se procura combater, trata-se de um lento e
gradual ajuste fiscal e ajuste inflacionário, combinados, penoso para a
sociedade, projeta quatro anos difíceis, à semelhança de seguir ortodoxamente
as recomendações do FMI, para ganhar confiança das agências de risco, visando
não perder o grau de investimento, agora; inflação convergindo para o centro da
meta em médio prazo e retorno do crescimento em longo prazo. Por seu turno, desaguando
na crise política, permitindo claramente mostrar que o vice-presidente da
República, Michel Temer (PMDB) se referiu a que irá romper com o governo em
2018, em contraste com o presidente da Câmara que quer rompimento do PMDB já da
base aliada. A chapa está esquentando demais: onde há fogo, há fumaça.
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