03/07/2015 - FAMÍLIAS ENDIVIDADAS




A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostrou que em junho, o número de famílias endividadas registrou pequena queda, pela primeira vez, em quatro meses, caindo também na comparação anual. O percentual de junho foi de 62%, enquanto em maio alcançou 62,4%, perante 62,5% de junho de 2014. A pesquisa da CNC abrangeu 18 mil consumidores em todas as capitais do País. Porém, apesar da referida queda do endividamento, aumentando o número daqueles que pagam em dia, houve elevação das pessoas que têm contas ou dívidas em atraso e daquelas que disseram não ter como pagar suas contas atrasadas. O levantamento demonstrou que o cartão de crédito para 77,2% é a causa do elevado endividamento. Claro, ele é oferecido na própria fatura, sendo fácil a opção. É só pagar o mínimo de 10%. Os juros do cartão de crédito são bem acima de 10% ao mês, juros de agiota permissível na comunidade, às vezes até maior do que aquele do agiota ilegal, o que torna uma bola de neve o endividamento familiar.

Por oportuno, convém aqui também registrar que os bancos costumam emprestar as empresas no máximo 60% da capacidade de pagamento. No caso das famílias, a situação ultrapassa os 60% e ainda tem os recolhimentos obrigatórios, tais como INSS, IR, consignados.

Historicamente, as previsões oficiais são otimistas. Pelo boletim Focus desta semana, o Banco Central revelou que, cem dos seus acreditados analistas financeiros, instituições tradicionais, preveem uma recessão de 1,1%. A Fundação Getúlio Vargas (FGV), através do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), tradicionalmente, produzem estatísticas das mais acreditadas pelo governo. Não é à toa que sempre a instituição serviu de técnicos à União em toda a sua história. A referida fundação estima um recuo de 1,8% do PIB neste ano. Além disso, a previsão da FGV é de uma inflação de 8,9%, perda de renda dos trabalhadores, déficit na conta corrente do balanço de pagamentos de 4,5% do PIB, pressão dos juros reais elevados sobre o endividamento público e, finalmente, uma estimativa de desempenho medíocre em 2016. A citada fundação também não acredita no cumprimento das metas do ajuste fiscal. Imagine-se como estão sendo as projeções dos maiores críticos do governo? 2%? Mais?

O fato concreto é que a crise econômica brasileira, após 25 anos do desastre do governo de Fernando Collor, quando o PIB caiu 4,3%, em 1990, passa também por uma crise política, onde a presidente da República deixou as negociações políticas serem feitas pelo presidente do PMDB, seu vice-presidente, Michel Temer. Enfim, as perspectivas continuam sendo ruim e corre a impressão geral que ainda vai demorar em melhorar.

Pesquisa do IBOPE, divulgada dia 1º deste, mostrou a popularidade da presidente Dilma Rousseff, descendo, rapidamente, ladeira abaixo. Em dezembro 40% acreditavam que seu desempenho era ótimo a bom. Em abril, caiu para 12%. Em junho, recuou para 9%. O IBOPE ouviu 2.002 pessoas, em 141 municípios, nos dias 18 a 21 de junho de 2015. Economia e política são irmãs siamesas: caem ou sobem juntas, geralmente ou na mais das vezes.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DÉFICIT PRIMÁRIO OU SUPERAVIT PRIMÁRIO?

OITAVO FÓRUM FISCAL ÁRABE EM DUBAI

BANCO ITAÚ MELHOR PERFORMANCE