01/07/2015 - PARALELO ENTRE GRÉCIA E BRASIL
A distância da situação econômica
brasileira com a grega é abismal. O paralelo aqui é só para fins comparativos. Procura-se
ver o assunto claro, de que no Brasil não está tão ruim assim como na Grécia.
Aqui se procura corrigir os desastres nas contas públicas de 2014, mediante
déficit primário, depois de 18 anos e, déficit na balança comercial, que há
muito não havia, da repercussão do escândalo de propinas da operação Lava-Jato
da Petrobras, cujos políticos arrolados tiveram investigações prorrogadas para
findar em 31 de agosto e no controle da elevada inflação, fazendo-se até agora
somente o ajuste fiscal. O ajuste fiscal previsto no início do ano é de 0,6% do
PIB, estimado em R$66 bilhões. Encerrado o primeiro semestre, a economia para
pagar juros da dívida pública alcançou R$25 bilhões, aproximadamente 38%, o que
não foi danoso, em termos de meta, devido ao fato de que o ajuste fiscal no
início é mais difícil do que no fim, visto que têm muita coisa que ser aprovada
pelo Congresso ainda. A dívida publica, embora pague juros tão elevados, recuou
um pouquinho, de 63% para 62,5%. Espera-se que não cresça muito essa relação.
No entanto, sabe-se também que os juros de janeiro a junho foram calculados em
R$198,9 bilhões. Menos os R$25 bilhões da citada economia, R$173,9 bilhões
terão que ser rolados. O preço está sendo alto, devido à recessão instalada.
Reduzir a dívida pública em relação ao PIB irá exigir um ajuste fiscal ainda
maior. O próprio governo admitiu no início do ano que terá de ser de 1,2% do
PIB em 2016. Tecnicamente, os banqueiros consideram que a capacidade de
pagamento de um devedor não deve ser tomada em mais de 60%. Como as agências internacionais
de risco também assim consideram, o grau de investimento brasileiro foi
ameaçado. Imaginem o da Grécia?
A esperança é de que a inflação
recue, de que o ajuste será feito e de que o governo federal tenha coragem de
realizar as reformas econômicas prometidas. Assim, retornará ao crescimento,
ainda que baixo, por ora, dado que os caminhos serão difíceis nos próximos
anos.
Na Grécia, o governo não pagou
ontem ao FMI, mais de um bilhão e seiscentos milhões de euros. Lá a dívida
pública corresponde a 170% do PIB. A recessão já vem há alguns anos. Não houve sucesso
no ajuste fiscal. Houve já dois feriados bancários. Limites de saques de
dinheiro em euros. Perante a União Europeia, a Grécia pede mais crédito e concessões
de tempo. A União Europeia só que fazer isto, se a Grécia seguir o receituário
do FMI, porque senão teria de fazer concessões à meia dúzia de países, que
passam dificuldades e pediriam igualdade de tratamento. Outros países já
fizeram ajustes fiscais caros e iriam querer reverter prejuízos. Domingo, dia 5
próximo, haverá plebiscito na Grécia, para saber se a população aceita ou não
um novo acordo na zona do euro, que poderá ser ou não nova propositura de seu
governo. Se votar pelo sim, de seguir o FMI, os gregos irão continuar tomando o
remédio duro de ajustes econômicos daquele órgão. Se votar pelo não, como quer
o atual governo, a Grécia poderá sair da zona do euro. Poderá voltar ao uso da
moeda antiga, o dracma, que provavelmente sofrerá grande desvalorização. A
repercussão também disto será grande na Europa.
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