17/07/2015 - PROJEÇÃO DA AGRICULTURA




No século passado, o Brasil fez um esforço imenso para superar o modelo primário exportador, prevalecente de 1500 a 1930. A indústria fora proibida na Colônia, em 1703, pelo Tratado de Methuen, firmado entre Inglaterra e Portugal. Assim, desenvolveu-se uma forte oligarquia rural, que, mesmo depois da independência de 1822, dava as cartas no País e não deixava a indústria se desenvolver. Sem isso, o Brasil também não desenvolvia o setor de serviços e a pobreza era a norma geral. A era Vargas (1930-1945) realizou forte proteção da indústria nascente, sem que a agricultura deixasse de ser proeminente. Depois da segunda guerra mundial, findada em 1945, a República Nova continuou com o modelo da substituição das importações, inaugurado por Vargas. A ditadura militar deu prosseguimento à proteção industrial. Portanto, a ideologia dominante no século XX, era de que o País somente deixaria de ser pobre, quando sua indústria fosse significante. A participação industrial que era menor do que 10%, no início do século XX, turbinou seus motores com JK, em 1956, atingindo seu pico de 25% em 1985. O PIB industrial passou o PIB agrícola e o PIB de serviços cresceu muito, para apoiar os outros dois setores. O Brasil deixou a categoria de pobre para ser um país emergente, categoria que permanece até hoje. Contudo, a proteção industrial foi retirada pelo Programa de Competitividade de 1990, do governo Collor. Desde, então, somente segmentos industriais fortes sobre-existiram, perecendo aqueles que não acompanharam a produtividade mundial. O PIB industrial, dessa forma, passou a recuar, até atingir hoje 12% do PIB. Enquanto isto, do final do século passado, passando pela primeira década do século XXI e ingressando na segunda década deste século, a agricultura cresceu muito e já chegou a 23% do PIB, mais os 10% da pequena produção, ostentam 33% do PIB. Somando o setor primário ao setor industrial com 12% e ao setor de serviços, com 55%, completam o PIB total. Assim, o Brasil retornou ao modelo primário exportador, mas com a maior produtividade do setor primário, que tem toda a perspectiva para crescer.

A esse respeito, o Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, em inglês) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) produziu relatório intitulado “Perspectivas Agrícolas: desafios para a agricultura brasileira 2015-2024”. A principal conclusão é de que a área da expansão agrícola deverá crescer 1,5% ao ano, nos próximos dez anos, assim como a produtividade deverá crescer muito mais em cada exercício. O destaque é a produção açucareira, seguindo-lhe oleaginosas, cereais, algodão, enquanto os preços relativos deverão permanecer relativamente estáveis, quando ajustados pela inflação. O avanço da área agricultável no referido período será de 20%, chegando a 69,4 milhões de hectares. Os destaques serão a expansão da cana de açúcar, que será de 37%; algodão, 35%; oleaginosas, 23%.

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