15/07/2015 - DESVIOS DO FUNDEB




Implantado em janeiro de 2007 e concluído em 2009, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) é distribuído pela União para 5.565 municípios brasileiros. A Polícia Federal na investigação da operação Águia de Haia, referência ao famoso jurista baiano, cumpriu, nesta semana, 96 mandados de busca e apreensão, além de duas prisões na Bahia, acerca de desvio de dinheiro de mais de R$57 milhões. O esquema era de vender sistema de computador de gestão educacional, mediante promessa de criação de um portal na internet e implantação de um programa de aulas interativas, além de gestão informatizada da educação municipal, capacitação de professores e alunos. No entanto, embutia uma propina de 10% do valor faturado, que era repassada ao prefeito ou secretário municipal. Mais 3% iam para o intermediário. Entretanto, o sistema de gestão educacional não era entregue ou era fornecido precariamente. Havia um esquema de fraudes de licitações. O programa que, em média, custaria R$3 mil, porém, era vendido por valores mensais de R$120 mil a R$460 mil.

Na cauda das investigações, novos municípios deverão ser identificados. A quadrilha atuava desde 2009. A verba do FUNDEB cai direto na conta da prefeitura. O gestor tem a obrigação de usar pelo menos 60% ao pagamento dos profissionais do magistério que estão em atividade dentro da escola, professores, coordenadores, diretores. Sabe-se que a maioria dos municípios não cumpre a lei do piso salarial de R$1.917,00. Segundo Rui Oliveira, secretário da Associação de Professores Licenciados da Bahia (APLB): “Esse recurso poderia ajudar a melhorar essa situação, além de programar a redução da jornada. O valor desviado seria suficiente para contratar cerca de 40 professores para cada município. Nós sempre fazemos denúncias de desvios de verbas da educação. Nos últimos dez anos, encaminhamos mais de duas mil denúncias ao Ministério Público”. O que a Polícia Federal agora está fazendo, aconteceu a partir da denúncia da APLB ao Ministério Público Estadual, segundo ele.

Duas mil denúncias na Bahia imaginem-se no Brasil inteiro? Imaginem-se quando não havia a Lei de Responsabilidade Fiscal, coisa deste século? Claro, as investigações e operações prosseguem em direção a que brasileiros tenham melhor nível de vida. Sem dúvida, o que permite aos gestores desviar recursos da educação, da saúde, de áreas sociais, é a impunidade. É fundamental fazer novo Código Penal.

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