05/01/2015 - GASODUTO SUPERFATURADO
As investigações da operação
Lava-Jato de ações de corrupção estão em longo curso. Mas, surgem também mais
denúncias em paralelo ou cruzadas de obras da estatal, cuja regra são números
astronômicos dos gastos. Agora, ontem, veio a público uma auditoria do Tribunal
de Contas da União (TCU), revelando superfaturamento de 1.800% na construção de
trecho com 954 quilômetros em rede de gasodutos na Bahia, vindo do município de
Cacimbas (ES) para a cidade de Catu (BA), tendo custado R$3,78 bilhões.
Conforme noticiou ontem o jornal O Globo, a Petrobras criou uma “empresa de
papel”, a Transportadora Gasene S/A, para construir e operar a referida rede. O
TCU examinou uma série de documentos fornecidos pela Agência Nacional de Petróleo
(ANP), observando que falhas técnicas não foram apontadas pela ANP, por que não
houve análise criteriosa de qualquer órgão envolvido.
O gasoduto foi inaugurado no dia
26-03-2010, em cerimônia em Itabuna (BA) com as presenças do então presidente
Lula, da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff e do presidente da época da
Petrobras, José Sérgio Gabrielli. O TCU não lança culpa nem em Lula, nem em
Dilma. Porém, responsabiliza Gabrielli e o presidente da Gasene, Antônio Carlos
Azeredo.
A Petrobras reconheceu que existe
uma Sociedade de Propósitos Específicos (SPE) para operacionalizar a rede, mas
sem ter qualquer ligação societária com a mesma, a Transportadora Gasene. No
entanto, esta empresa somente realizaria suas atividades mediante autorização
da Petrobras.
O que causa justamente indignação
é o fato de que um superfaturamento de 1.800% citado tenha passado mais de
quatro anos incólume aos serviços de auditoria interna e consultoria externa da
Petrobras. Não sem motivo, no primeiro pregão da bolsa de valores de São Paulo
a queda foi de 3% e as ações da Petrobras caíram muito mais. Parece que o fundo
do poço de seus escândalos está longe ainda de ser visto.
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