31/08/2014 - RECESSÃO PURA E SIMPLES
Quando o PIB recua em dois
trimestres consecutivos, alguns economistas informam que um país entrou em
recessão técnica ou que se está em uma estagnação. Sabia-se que o IBGE retardou
por um mês a divulgação do PIB do segundo trimestre porque ele não era bom. Primeiro,
foi revisto o crescimento de 0,2%, divulgado anteriormente, para negativo –
0,2%. Segundo, surpreendeu o recuo de três vezes mais no segundo trimestre
deste ano. Assim, no primeiro trimestre o PIB caiu – 0,2%, no segundo trimestre
– 0,6%. No ano passado ele vinha de 2,1% no segundo trimestre de 2013, de -0,6%
no terceiro trimestre de 2013, de 0,5% no quarto trimestre de 2013. Logo, a
curva traçada de 15 meses é de uma recessão ainda que possa haver recuperação
no terceiro trimestre de 2014. Portanto, a economia brasileira crescerá ou não
em torno de zero, enquanto a população estimada cresce a 0,86% ao ano.
A evolução do PIB no segundo
trimestre mostrou que o consumo das famílias cresceu 0,3%, o consumo do governo
recuou – 0,7%, os investimentos – 5,3%, a agropecuária se elevou 0,2%, a
indústria se retraiu – 1,5%, os serviços agregados subiram somente 0,1%. Quanto
ao setor externo, as exportações se elevaram 2,8%, enquanto as importações
apresentaram redução de 2,1%, em relação ao primeiro trimestre deste ano.
A gravidade da má condução da
política econômica está na realização de somente 16,5% do PIB de investimentos
brutos no segundo trimestre, o menor percentual desde 2006 e muito abaixo dos
25% fixados como oficialmente para assegurar crescimento econômico sustentável.
A explicação oficial é de que houve muitos feriados para os jogos da Copa do
Mundo e a estiagem que elevou o custo da energia elétrica, alterando as
expectativas de inversões. Em suma, mais uma fez se revela que a queda dos
investimentos é “momentânea”, como momentâneo tem quase quatro anos de mandato.
As explicações são esfarrapadas, visto que as pesquisas revelam a falta de
confiança dos empresários e dos consumidores na atual gestão econômica. Por seu
turno, o mercado de trabalho se manteve no segundo trimestre referido como um
dos únicos casos de resistência da economia brasileira. A massa salarial real,
de acordo com o CAGED, subiu 4,3%, o que teria feito o consumo das famílias
crescer, mas somente os referidos 0,3%. Muito pouco para indicar uma
recuperação anunciada.
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